Publicado originalmente na Rede Brasil Atual
POR LUIZ MARINHO, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex-ministro do Trabalho e da Previdência do governo Lula
Durante toda a campanha eleitoral para Presidência da República, e mesmo depois dela, importantes atores da cena política brasileira e boa parte da grande mídia vêm reiteradamente cobrando do Partido dos Trabalhadores o que chamam de autocrítica. O que para eles significaria um reconhecimento de nossos erros e pecados. Há quem, inclusive, aponte a vitória do nosso adversário na disputa passada como consequência da ausência dessa autocrítica.
Não conta para eles o fato do nosso candidato, Fernando Haddad, ter durante a campanha apontado erros nossos e dizer com todas as letras que com eles aprendemos para não os repetir. Não adianta: a ladainha persiste. Sinceramente, não sei qual a metodologia que esses críticos – e alguns até adversários – utilizam para chegar a essa relação causal. Devem ter pego emprestado dos fariseus com o objetivo de nos forçar a ficar falando mais de nossos erros do que de nossos acertos em uma disputa tão curta como é a eleitoral.
Sabemos que cometemos erros. Afinal de contas somos uma instituição formada por homens e mulheres, e como humanos erramos. E fazemos diariamente nossa autocrítica nos debates internos. Nenhum partido neste País tem uma vida interna tão rica e tão viva como o Partidos dos Trabalhadores.
Interessante nessa história toda é que não vemos esses mesmos fiscais de posturas alheias cobrarem autocrítica de quem foi verdadeiramente derrotado nessas eleições. Saímos da disputa com a maior bancada na Câmara dos Deputados, elegemos quatro governadores – sendo a companheira Fátima Bezerra (RN) única governadora eleita em todo o País, e quatro senadores.
Poderíamos ter tido um desempenho ainda melhor se o consórcio golpista jurídico-político-midiático não tivesse alijado Lula das eleições, para impedir nossa quinta vitória consecutiva na disputa presidencial? Sem dúvida até o mais ferrenho de nossos adversários sabe disso. Mas não fomos nós os maiores derrotados.
Por que não cobram autocrítica do PSDB que saiu nanico dessas eleições? Só não ficou menor porque serviu de barriga de aluguel para um projeto personalíssimo no Estado de São Paulo. Por que não cobram autocrítica da mídia que depois de anos e anos atacando o PT, espalhando versões como verdades, ilações como provas agora tem que se ver como mera retransmissora de conteúdo das redes sociais do capitãozinho e dos seus meninos? Por que não cobram autocrítica desses dois atores que mais plantaram mentiras e o ódio contra o PT, que foram fundamentais para garantir o golpe dado por Temer e consolidar o golpe jurídico-político escancarado agora com a nomeação do juiz para ministro da Justiça?
Vamos combinar uma coisa. Façam vocês as suas autocríticas antes de querer cobrar alguma de nós. O PT resiste e está muito vivo!