Paulo Víctor Mafrans no Jornal Extra informa que a cara e o cabeça do “Tá no ar: a TV na TV”, que estreia sua sexta e última temporada no dia 15 de janeiro, Marcius Melhem brinca de ser Deus, mulher, padre e tudo mais com a maior tranquilidade. Hoje, não é exagero chamá-lo de o todo-poderoso do humor da Globo, já que todos os novos projetos de humor da emissora passarão por seu crivo. O ator e roteirista, no entanto, prefere negar o título. Na humildade, diz que assume apenas mais uma função na casa. Mas a verdade é que, antes de qualquer ideia arrancar risos dos telespectadores, ele terá que “abençoá-la’’. Confira abaixo um bate-papo sobre sua carreira e seus planos:
Por qual motivo o “Tá no ar” vai acabar”?
Porque chega uma hora que tem que acabar. O programa surgiu como uma novidade grande, depois se manteve e se mantém com frescor, acompanhando as loucuras deste país. Poderíamos fazer o “Tá no ar” por mais uns dez anos, mas somos inquietos e queremos fazer outros projetos. Se não tiramos do ar uma coisa que está resolvida, a máquina da criatividade não começa a girar.
Esse fim tem a ver com seu novo cargo na emissora?
Este momento de cuidar do humor da TV Globo, ter um olhar de curador tanto aqui quanto no Globoplay, é assumir uma responsabilidade muito grande. Mas, ao mesmo tempo, é bom ter um espaço para discutir o humor dentro da emissora. Procuro ser o mais generoso e sincero possível com os projetos que chegam. É fundamental olhar nos olhos das pessoas e conversar sobre o que você acredita, sobre o que é legal para aquele momento. Eu olho esse lugar com muita responsabilidade e com o cuidado de fazer com que ele não me tire o que eu mais gosto de fazer, que é criar.
Você falou que já está criando um novo projeto com a equipe do “Tá no ar’’ e que vai entrar mais gente ainda. Como está esse novo ciclo?
O novo projeto vai ser uma grande loucura. É a única coisa que posso dizer. Hoje, a gente tem diversas coisas sendo desenvolvidas: o “Zorra”, a próxima “Escolinha do Professor Raimundo”… Eles terão mudanças, além de mais algumas séries que vêm por aí. A segunda temporada de “Shippados”, por exemplo, (a primeira temporada tem previsão de estreia para o primeiro semestre) estará sob minha responsabilidade também.
Você se incomoda com o politicamente correto?
Eu acho que o que chamam de politicamente correto é um avanço da sociedade. Não podemos oprimir o oprimido, ajudar a perpetuar machismo, racismo, misoginia. A gente vive em um país difícil para muitos grupos, e acho que a função do humor é ajudar a melhorar a vida dessas pessoas, não piorar. Então, temos que ser vigilantes mesmo. Tem risadas que não me interessam e, por isso, eu prefiro buscar outro caminho. De alguma forma, temos que contribuir para dar visibilidade a essas causas e fazer com que pessoas que são esquecidas todo dia sejam lembradas pela gente.
Há abertura para falar sobre política de maneira clara?
Temos liberdade total, mas com responsabilidade. O debate é amplo sobre como dizer o que queremos.