Inventar ameaças a Bolsonaro é truque manjado para matar a democracia. Por Luís Felipe Miguel

Atualizado em 31 de dezembro de 2018 às 10:03
Tanques de guerra em Brasília, supostamente para proteger presidente eleito de ameaças de atentado

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO FACEBOOK DO AUTOR

Nunca é demais repetir: não existe hoje, na esquerda brasileira, qualquer grupo que use a violência contra pessoas como estratégia política.

Correta ou incorretamente, a maior parte da esquerda recusa o recurso à violência por questão de princípio. Os poucos que não comungam desta posição não julgam que o momento permita qualquer aventura desta natureza. Os grupos que a mídia gosta de expor como “violentos”, como os adeptos das táticas black bloc, na verdade apenas exercem autodefesa contra a repressão policial.

Bolsonaro e seu círculo, por um lado, mantêm a temperatura quente contra a oposição; por outro, alimentam boatos de atentados. Pois o mais provável é que cozinhem um Plano Cohen. Trata-se, afinal, de um velho estratagema fascista.

Não se trata, creio eu, de algo que seja preparado para a posse. Mas de manter um clima de alerta que torne factível desencadear algo do tipo no momento em que o governo começar a degringolar.

Denunciar desde já esta manobra é importante para evitá-la.

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Luís Felipe Miguel é professor da UnB, coordenador do Demodê – Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades.

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O Plano Cohen era uma farsa — tratava de um suposto movimento armado para derrubar Getúlio Vargas. Foi utilizado para decretar Estado de Guerra e implantar a ditadura getulista em 1937, depois prisões de opositores, de direita e de esquerda.