A renúncia de Jean Wyllys saiu na revista Le Nouvel Observateur, a mais importante da França:
Jean Wyllys, um deputado gay que representa pessoas LGBT no Parlamento brasileiro, anunciou na quinta-feira que está desistindo de seu terceiro mandato e deixando seu país por causa das muitas ameaças que recebeu desde a eleição do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro.
“Preservar uma vida ameaçada é também uma estratégia para lutar por dias melhores, temos feito muito pelo bem comum, e faremos muito mais quando novos tempos chegarem, não importa o que façamos de outras formas”, escreveu no Twitter, o membro do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL, de esquerda).
(…) Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Jean Wyllys explicou que “não foi a eleição de Bolsonaro em si” que o levou a desistir de seu terceiro mandato consecutivo, mas o “o nível de violência que aumentou desde a eleição” deste ex-capitão do Exército, que recebeu amplo apoio de igrejas evangélicas ultraconservadoras.
Ele citou o crescente número de ataques e assassinatos de membros da comunidade LGBT.
Em novembro, após a vitória de Jair Bolsonaro, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu ao Brasil para tomar as “medidas necessárias para proteger os direitos, a vida e a integridade pessoal” de Jean Wyllys e sua família.
Em abril de 2016, durante os debates parlamentares sobre o impeachment do ex-presidente Dilma Rousseff, Jean Wyllys tinha cuspiu na cara de Jair Bolsonaro, que tinha acabado de elogiar um torturador notório da época da ditadura militar (1964-1985).
Jean Wyllys, que será substituído por seu vice, é um dos dez deputados do PSOL, cujo partido era o mesmo da vereadora do Rio Marielle Franco, assassinada em 2018.