No quarto dia de greve geral dos servidores públicos municipais, o prefeito Bruno Covas começou sua agenda matutina em um evento no Centro Cultural São Paulo sendo surpreendido por um grupo liderado pelo vereador Toninho Vespoli que entregou-lhe um abaixo assinado com mais de 30 mil assinaturas pedindo a revogação do Sampaprev.
O Sampaprev é uma aberração parida na gestão João Doria, que aumentou a contribuição previdenciária dos servidores de 11% para 14%, além de aumentar a idade mínima para se aposentar e o tempo de contribuição. O projeto desagradou aos servidores, mas teve aprovação na Câmara Municipal.
Poucas horas depois do evento no CCSP, milhares de servidores públicos estavam em frente à sede da prefeitura na manutenção da luta pela revogação. Irritado pelo ocorrido no período da manhã, Bruno Covas afirmou que não iria receber ninguém dos grevistas, pois estava ocupado ‘cuidando das demandas da cidade’.
Ora, com o funcionalismo público parado, se tem uma coisa que ele não está fazendo é cuidar da população já que ela está sem serviços públicos.
Na rua, o clima era de revolta. O atual prefeito tem agido com a mesma truculência e autoritarismo da dupla Alckmin e Doria. Depois de atacar os servidores com bombas e tiros de bala de borracha em frente a Câmara Municipal no mês passado, hoje Covas exigiu que os gestores das unidades relacionem os nomes dos funcionários que aderiram à greve e estavam ausentes em seus postos de trabalho. Alô, prefeito, o direito à greve é previsto em constituição.
No caminhão de som, todos os discursos pregavam uma forte mobilização para que não haja a entrega das listas que, consequentemente, resultarão em perseguição.
“Estamos perplexos com o assédio moral, é um abuso, exigimos providência quanto a essa ameaça”, falou ao DCM o vereador Celso Giannazi, autor de um projeto (PL 34/2019) que já tramita na Câmara pedindo a revogação do tunga na previdência. “Fizemos também uma representação no Ministério Público para apurar a legalidade e a velocidade com que isso foi aprovado”, completou.
Diversas categorias estavam presentes. Cristina Balthazar, servidora da Secretaria Municipal da Habitação, falou ao DCM: “Há 10 anos estou na luta e este confisco é indevido porque não é por causa da previdência que as finanças estão em déficit, e sim pelos perdões de dívidas concedidos às grandes empresas que deixam de pagar milhões de reais. E ainda vemos reajuste de salários do pessoal de alto escalão do governo federal, enquanto para nós decidem cortes ou aumento de alíquotas. Com esses 3% de desconto mais uma vez o servidor será lesado”.
Professores, historicamente desvalorizados no país das Damares e Araújos, estavam em peso.
“A maioria dos servidores é da educação. Professores já estão com salários arrochados, não têm reajuste desde 2003, pois a política sempre foi de reajustar em 0,001% e agora querem confiscar mais 3% numa crise dessas? É um atentado aos servidores”, disse o deputado Carlos Giannazi, um dos mais atuantes na área.
O Sampaprev é um desserviço público pois precariza ainda mais o trabalho dos servidores e seu padrão de vida. Associado aos projetos do governo Bolsonaro e do governo Doria que parecem almejar a privatização e o fim do serviço público, é um triste retrato da carta de intenções da ´dobradinha bolso-doria’.