Muitos vão aplaudir as duas operações realizadas hoje pela Polícia Federal.
Mas é preciso cuidado: há forte cheiro de cortina de fumaça no ar.
A uma das operações foi dado o nome de “Ad Infinitum”, a 60a. Fase da Lava Jato, e à outra, Fantoche.
Em uma, prendeu o operador do PSDB Paulo Preto e realizou buscas na casa do ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira.
Na Operação Fantoche, a PF prendeu o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade.
As operações, divulgadas com estardalhaço, inaugura o modus operandi de Sergio Moro no Ministério da Justiça e são, por isso, suspeitas.
Como juiz, Moro tocou a Lava Jato como se fosse um relógio sincronizado ao tempo político.
Sempre que eram planejadas manifestações de rua contra a então presidente Dilma Rousseff, Moro autorizava operações bombásticas.
Desde 2014, na véspera de eleições, a Lava Jato sempre sai às ruas.
Desta vez, Moro não tem mais a caneta de magistrado, mas desfruta de um poder muito maior, como ministro que indicará os futuros membros das cortes superiores.
Com isso, tem muito mais influência e não é exagero imaginar que ele esteja por trás dessas operações que ocupam as manchetes dos principais veículos da velha imprensa.
No mínimo, como o ministro que deu suporte a elas através da Polícia Federal.
Não conheço ninguém que defenda a impunidade de corruptos, mas essas duas operações parecem truques para iludir a platéia.
São deflagradas no momento em que Jair Bolsonaro ocupa o lugar no centro de uma crise política e seu partido, o PSL, se revela um extenso laranjal.
Aloysio Nunes Ferreira e Paulo Preto são duas faces da mesma moeda, não se discute.
Um na seara política, de início ligado a José Serra, o outro no contato direto com empreiteiras.
Os dois lubrificando a engrenagem de desvio recursos públicos através de obras superfaturadas do governo do PSDB.
Por sua vez, o sistema S, que justifica a operação que levou o presidente da CNI à cadeia, é um pântano muito pouco conhecido e cheio de armadilhas.
É um canal que desvia recursos recolhidos pelo governo junto às empresas.
Em qualquer tempo, portanto, o Estado tem o dever de agir para colocar criminosos atrás das grades.
Mas, neste momento, em que Bolsonaro se empenha para que o Brasil mude de assunto, a operação parece não servir ao interesse público, mas o interesse político.
A Lava Jato, com seus métodos e seletividade, chegou ao centro do poder.
Enquanto isso, haverá gente torcendo para as laranjas apodrecerem, e a platéia esquecer de Fabrício Queiroz, Flávio Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio, Gustavo Bebianno e Carlos Bolsonaro, entre outros.