Leia na íntegra o depoimento de Manuela D’Ávila:
Agorinha saía de um lugar e uma senhora começa a gritar: “meu Deus, como é feia, como é feia, como é feia”.
Pobre Deus, sendo chamado para debater feiura num mundo em que milhares de mulheres são violentadas sexualmente e mortas. Ontem uma amiga escreveu um texto sobre o livro e relatava que saia de um show comigo e alguém disse: “não sei porque gostam dela, nem bonita é”. Talvez porque no concurso que eu concorri, chamado eleições, eu fui a que mais projetos apresentou 😉 Antes de ontem recebi uma mensagem aqui: “você é gorda por dentro, sua vagabunda horrorosa”. Entendi na hora o que ela quis dizer com gorda por dentro. Sabendo que fui gorda, ela quis dizer: “você pode até ter ficado não gorda por fora, mas por dentro você segue”. E gorda, ser mulher gorda é o oposto do que uma mulher pode querer ser nessa sociedade gordofóbica em que somos estimuladas a retaliar o corpo pra tirar cada dobrinha “excedente”.
Nunca participei de concurso de beleza. E também nunca me senti tão bonita como me sinto aos 37, com os cabelos ficando grisalhos, lutando e vencendo as lutas para aceitar meu corpo, encarando de frente meu transtorno de imagem, deixando meu braço balançar por aí e sorrindo a vida e tatuando as lembranças. Mas o fato é que o nosso corpo, o corpo das mulheres, é tão objetificado que a imensa maioria das críticas que recebo são sobre… estética.
Quantas vezes você quer divergir de uma mulher e diz que ela está gorda, feia, velha?
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