POR MANUELA CARTA
Ele combateu bravamente esse câncer nas vias biliares, nunca reclamou e olha que foi duro, cheio de complicações.
Mas o Gianni era um guerreiro inveterado.
A gente brincava que ele era mais do que dedicado em qualquer coisa que fizesse, quase obstinado.
No caso, ele foi um paciente incrível.
Até o fim queria ir à biblioteca, discutir o ultimo livro do (Michel) Onfray, os gillets jaunes, o Bolsonaro.
Ainda ia dar alguns retoques finais num documentário sobre Lula, que deve ficar pronto em breve.
Teve a sorte de encontrar uma mulher maravilhosa, intelectual e designer de figurinos, Valerie Ranchoux, que cuidou dele até o final.
Parte muito jovem, 55 anos, mas me conforta saber que fez tudo o que quis, leu todos os livros, foi a todos os lugares e museus, cobriu os assuntos que quis.
Era muito discreto de todos os seus saberes. Não se gabava de tanto conhecimento e intelectualidade.
Mas aí, quando abria a boca, deixava a platéia embevecida.
Além disso, tinha carisma e savoir faire. E zero vaidade.
É verdade que brigávamos muito, mas também nos amávamos demais. Como bons filhos do Mino. Que sai aos seus…
Contávamos mesmo um com outro.
Perdi o companheiro das minhas melhores memórias da infância, e, sobretudo, um grande amigo…
E um adendo para meu amor: Gian, me desculpe se cometi algum excesso aqui, tentei seguir sua lição, ser sintética…
Você foi incrível e, como dizem os que já estão sentindo sua perda, fará falta por essas plagas.