O ato convocado por Bolsonaro segue a lógica de seu plano terrorista no Rio dos anos 80. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 21 de maio de 2019 às 19:51
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A decisão de Jair Bolsonaro de não ir à manifestação de domingo que ele e sua turma convocaram confirma que o sujeito é, sobretudo, um covarde físico.

Mas não só.

Até domingo ele pode mudar de ideia, como já o vimos fazer em diversas ocasiões.

Vai depender de como a coisa evoluir.

Se houver cidadãos de bem nas ruas em número suficiente, Jair dará um jeito de comparecer, pessoal ou virtualmente (como naquela famosa transmissão via celular em que ameaçou banir e eliminar os “vermelhos”).

Nessa hipótese, vai surfar na onda de seu gado e pressionar Congresso e Judiciário. 

Se for o fracasso que se prenuncia, ficará em casa, lavando as mãos, conforme prometido.

Bolsonaro é um agitador profissional e foi assim que se inventou.

Eis seu único talento, posto que, como parlamentar, foi hábil em dormir em plenário, detonar a democracia e pôr filhos e agregados para mamar no Estado.

Nos anos 80, tentou explodir uma adutora no Rio de Janeiro.

O plano foi por água abaixo. Sua mulher falou à repórter da Veja sobre a ideia de explodir bombas.

Bolsonaro deu à revista um croqui com os locais onde a dinamite seria detonada.

Queria pressionar a chefia por melhores salários da soldadesca.

Puxou 15 dias de cadeia. Ficou famoso e ali despontou para a glória.

Um dossiê concluído em 27 de julho de 1990, tema de reportagem do DCM, detalha informações sobre a reputação de Jair na caserna.

O então chefe do Estado Maior das Forças Armadas, general Jonas de Morais Correia Neto, chamou Bolsonaro de “embusteiro, intrigante e covarde”, acusando-o de “inventar e deturpar visando aos interesses pessoais e da política”.

Geisel o definia como “mau militar”, Jarbas Passarinho declarou que “ele é um radical e eu não suporto radicais, inclusive os radicais da direita.”

O que estamos assistindo é o Bolsonaro de sempre, praticando o terror e a intimidação em nome de seu projeto de poder.

Se, no meio do caminho, tiver que explodir o país, dane-se.

Afinal, como gosta o bispo Edir Macedo e o pastor Steve Kunda, ele foi enviado por Deus para isso.

O croqui do plano terrorista de Bolsonaro na matéria da Veja