Rian Rogério dos Santos passava de moto em frente à Escola Estadual Professor Natálino Fidêncio, na rua Juscelino Kubitschek, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, quando, conforme testemunhas, foi golpeado por um PM, e, por causa da agressão, se acidentou. Em seguida, ele morreu na frente da escola onde já tinha estudado e pretendia retornar ainda este ano para concluir o 3º ano do ensino médio.
Segundo uma testemunha que prestou depoimento no 1º Distrito Policial de Carapicuíba, por volta de 19 horas da última terça-feira, dia 21 de maio de 2019, quando Rian passava de moto em frente à Escola, em baixa velocidade, um policial militar que estava próximo do veículo da Ronda Escolar (Viatura 33100) lhe golpeou com o cassetete, atingindo sua cabeça. Com o susto e o impacto da agressão, o jovem perdeu o equilíbrio e caiu com a moto, chocando-se contra uma mureta, ferindo o rosto e a cabeça.
Alunos da Escola e pessoas que lá passavam pediram para os 2 PMs da Ronda Escolar prestarem socorro, mas os policiais disseram “que não deviam satisfação a ninguém” e saíram do local às pressas e cantando os pneus da viatura. As testemunhas acionaram o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
O resgate, logo ao chegar no local, constatou o óbito de Rian. Outros policiais militares chegaram ao local na sequência, e as testemunhas disseram a eles que o acidente tinha sido gerado pela agressão de um policial da Ronda Escolar. Porém os PMs afirmaram que isso “não interessava”. Os mesmos policiais apresentaram a ocorrência na Delegacia como um “acidente de moto”, sem mencionarem sequer que havia uma viatura da Ronda Escolar no local no momento dos fatos.
Rian Rogério dos Santos tinha 18 anos, era serralheiro, sem antecedentes criminais, namorava, frequentava a igreja Congregação Cristã, onde tocava violino. As investigações sobre a morte de Rian estão sendo acompanhadas pelo Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE) e pela Ouvidoria de Polícia, que já abriu um procedimento de apuração. Também foi instaurado um Inquérito Policial no 1º Distrito Policial de Carapicuíba.
Violência Policial
Os discursos políticos pró violência policial e as condecorações de policiais que matam, realizadas pelo governador João Dória e pelo presidente Jair Bolsonaro, ajudam a alavancar as mortes de inocentes e a violência policial. No 1º Trimestre de 2018, foram 193 mortes atribuídas a policiais em São Paulo. Esse ano foram 203 mortes no mesmo período, conforme as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública. Outros números mostram que em abril de 2018, a polícia militar de São Paulo matou 69 pessoas. Já em abril de 2019, foram 75 mortes em ações de policiais militares, conforme levantamento da Ouvidoria de Polícia.
Rian Rogerio dos Santos tristemente virou mais um número nesta estatística terrível de assassinatos cometidos por quem deveria proteger a sociedade.
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Ariel de Castro Alves, advogado, 42 anos, membro do Grupo Tortura Nunca Mais e conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos de São Paulo (Condepe).