Não é exagero afirmar que os novos trechos divulgados das conversas vazadas do ex-juiz e ainda ministro da Justiça Sérgio Moro com os procuradores de Curitiba mostram que não só a operação Lava Jato, mas todas as instâncias do poder judiciário brasileiro se mobilizaram, em maior ou menor grau, contra Lula.
O diálogo em que Deltan Dallagnol relata sua conversa com o ministro do STF, Luiz Fux, amplia o que até agora restava comprovado como uma já escandalosa associação entre um magistrado de piso e procuradores federais.
Considerando-se que os desembargadores do TRF-4 que julgaram os recursos da defesa do ex-presidente se demonstraram escandalosamente alinhados com as “convicções” que hoje sabemos compartilhadas criminosamente pelos que o acusavam e aquele que o julgou, comprovado fica que muitos foram os tentáculos a orquestrar os meios para um determinado fim.
Some-se a tudo o curioso caso do STJ, que por unanimidade enxergou abusos inclassificáveis nas penas determinadas ao réu, mas absolutamente nenhuma evidência da trama que se construiu sob os holofotes da grande mídia e o resultado não pode ser caracterizado como outra coisa senão como uma gigantesca, articulada e poderosa organização criminosa.
Gigantesca porque evidencia a participação de agentes importantes e influentes do Estado em todas as quatro instâncias da justiça brasileira.
Articulada porque não resta sombra de dúvidas sobre a promiscuidade e cumplicidade dos diferentes operadores da justiça a atuarem em sincronia e complementaridade em prol de um objetivo em comum.
E poderosa porque uma vez cooptados membros da mais alta corte de justiça, mais próximo restava garantida a palavra final sobre o caso e, por conseguinte, a impossibilidade de apelação diante os mais condenáveis absurdos jurídicos.
Como se vê, o projeto de poder que norteou durante todo esse tempo a chamada operação Lava Jato, vai muito além das ilegais e imorais relações de compadrio entre Moro e Dallagnol e sugere um nível de relacionamento que põe inclusive um dos três poderes da República em grave suspeição.
Se comprovada de fato a participação do ministro Luiz Fux nessa possível organização criminosa, não só sua independência para julgar qualquer caso que envolva o ex-presidente Lula estará em xeque, mas também a sua própria permanência no Supremo Tribunal Federal.
Por fim, expostas paulatinamente as vísceras do poder judiciário nacional, cada vez mais se torna claro quem de fato é inocente e quem de fato chefiou uma Orcrim.