Afrânio Silva Jardim: “Agora é que vamos saber quem são as pessoas honradas e dignas da Lava Jato”

Atualizado em 16 de junho de 2019 às 10:32
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Diante de tudo o que o site “The Intercept Brasil” publicou sobre a chamada operação “Lava Jato”, como homem honesto, honrado e digno que sempre fui, sinto-me legitimado a lançar uma conclamação a todos os que protagonizaram estas investigações e atuaram nos respectivos processos penais. Explico a seguir.

Julgo que os procuradores da república, juízes, desembargadores e ministros que, de alguma forma, acabaram por vulnerar o nosso sistema processual acusatório, no intuito de combater a corrupção, não devem se omitir neste grave momento, em que está em jogo a própria credibilidade do nosso sistema de justiça criminal.

Destarte, julgo que estes homens e mulheres, que ocupam cargos tão relevantes em nossa sociedade, devem vir a público e contar qualquer desvio de conduta que tenham praticado ou que saibam que outrem praticou. Tudo deve ser do conhecimento da população e a verdade e a justiça devem ser restauradas. Digam não ao cinismo e à hipocrisia.

Este é o verdadeiro comportamento daquilo que se convencionou chamar de “pessoas de bem”, pessoas altivas, sinceras e comprometidas com a ética e a moral.

Não me parece digno que magistrados e membros do Ministério Público possam se comportar da mesma forma cínica e hipócrita de alguns criminosos, tão censurados por eles nos processos criminais.

Sejam dignos, honestos e sinceros, assumindo as devidas responsabilidades, até mesmo como forma de demonstrar a seus filhos(as) e netos(as) que cultuam os melhores valores que eles(as) devem seguir em suas vidas.

Agora é hora de sabermos quem são as pessoas honradas e que assumem o que fizeram ou quem se iguala aos criminosos que se furtam a uma vida pautada pela honradez e sinceridade.

Não me parece ser um comportamento ético colocar em dúvida a veracidade da matéria publicada pelo referido site quando o agente público sabe que ela é verdadeira.

Os relevantes agentes públicos não podem se utilizar de uma estratégia mais própria de réus em processos criminais. A eles, se pode exigir um comportamento diverso da malícia e do engodo.

Rogo que não sejam sórdidos e “escorregadios”. Sejam honestos e verdadeiros. É o que se espera dos magistrados e membros do Ministério Público. Peço que ajam como, sinceramente, eu agiria neste caso.

Notem que não estou falando em termos jurídicos, pois todos têm o direito ao silêncio e não estão comprometidos com a verdade, caso se considerem investigados. Como testemunhas, não podem mentir ou silenciar !!! Estou falando de moral, de dignidade, de honradez.

Em outras palavras: estou falando de exemplo de honestidade intelectual que devem dar à sociedade, em geral, e de legado de honradez e dignidade que devem deixar para seus familiares, em particular.