A enquadrada épica do senador capixada Fabiano Contarato no ex-juiz Sergio Moro já ficou para a História.
Contarato — o primeiro senador da República assumidamente homossexual, que derrotou Magno Malta no Espírito Santo –, disse que foi eleito apoiando a Lava Jato, mas o comportamento do ex-juiz e do procurador Deltan Dallagnol violava o que há de mais “sagrado no processo penal”: a isonomia e o tratamento igual entre as partes.
“Se eu tivesse contato por WhatsApp com advogado de contra quem instaurei inquérito, acho que sairia preso da delegacia do qual era titular”, falou.
“O juiz está para o processo assim como o delegado para o inquérito”.
Contarato ainda perguntou se o depoente mantinha sua posição de apoiar uma das famigeradas dez medidas contra a corrupção, que autorizava provas conseguidas de maneira ilegal, desde que obtidas de boa-fé.
Moro apelou para a falácia.
“Pelo o que eu entendi da sua fala, você defende a anulação de tudo, então? Toda as condenações, todas as denúncias… Vamos devolver o dinheiro para Renato Duque e Paulo Roberto Costa?”, atacou.
“Anular toda a operação Lava-Jato, como o senhor aparentemente defende? É essa sua posição?”.
Contarato devolveu: “Com todo o respeito, excelência, vossa excelência está colocando palavras na minha boca. Eu, em nenhum momento, estou defendendo a anulação ou a absolvição. Eu não estou falando isso”.
Continuou: “O que eu estou questionando, é que houve a quebra do princípio da imparcialidade, de quando o juiz que tem que ser imparcial mantém contato, por inúmeras vezes, com aquele que tem interesse 100% em uma eventual sentença condenatória transitada em julgado”.
Tudo de maneira sóbria, sem elevar o tom de voz, mas expressando a devida indignação — em contraste com o outro, de bochechas vermelhas, desafinando, gesticulando, enrolando.
Um grande momento da democracia brasileira, senhoras e senhores.
Faço minhas as palavras do Senador Fabiano Contarato pic.twitter.com/oTWitQRR4B
— Cafezito (@indeferido) June 19, 2019
— Cafezito (@indeferido) June 19, 2019