Sergio Moro, eu disse quando vieram à luz as primeiras mensagens do Intercept, está sendo cuspido por aqueles que o transformaram em herói.
A matéria de capa da Veja desta semana é mais uma pá de cal no ex-juiz e em seus procuradores amestrados. Moro, em pouco tempo, estará de volta ao papel secundário que lhe cabe na vida pública.
A revista resume o material afirmando que ele “orientava ilegalmente ações da Lava Jato”.
Sergio — ele conta que prefere o nome sem acento — recomendou que o Ministério Público Federal não fechasse delação premiada com Eduardo Cunha.
Combinava com o MPF datas de ações.
Alertou Dallagnol para incluir prova em denúncia.
“Aha uhu, o Fachin é nosso”, derrete-se DD.
Faustão deu conselhos a Moro, que os repassou a Dallagnol.
Etc etc.
A Globo ainda investe numa defesa da dupla com essa patacoada do hacker, mas os fatos teimam em contradizê-la.
O apoio vai até a página 2. O grupo dos Marinhos tem compromisso consigo próprio. Todo aliado é jogado ao mar quando fica pesado carregá-lo.
De onde veio isso, tem mais.
Moro teria de acordar para o fato de que sua glória era passageira e que ele, assim que deixasse de ser útil, seria descartado por seus criadores.
Vide Joaquim Barbosa, “o menino pobre que mudou o Brasil”.
Falta a autocrítica da imprensa. A mesma Veja dedicou linhas e linhas às reportagens com farsas vazadas por Moro e cia.
O Jornal Nacional montou uma “sala de guerra”, na expressão do diretor de jornalismo Ali Kamel, para noticiar as delações da Odebrecht.
Segundo Kamel, foi uma “cobertura histórica”.
Verdade. No pior sentido.
No lixo.
A sociedade brasileira merece um mea culpa dessa gente por fazer parte do conluio.