Na Argentina, o chicote do dinheiro estala para amedrontar o povo. Por Fernando Brito

Atualizado em 12 de agosto de 2019 às 21:41

PUBLICADO NO TIJOLAÇO

Eles são quase unânimes.

A dupla Alberto Fernández-Cristina Kirchner sequer foi eleita ainda, apenas ganhou com muita folga uma eleição prévia.

Mas todos – jornalistas, economistas, empresários e capitalistas – se comportam como se a vontade popular fosse um desastre, uma antessala da catástrofe econômica.

Os bolsonaristas, nas redes, vão além: dizem que os argentinos “escolheram o comunismo” e que logo virarão uma Venezuela.

O dólar foi de 45 para 60 pesos hoje de manhã. Mas nunca passou de 8, nos governos “desastrosos” dos Kirchner.

Os juros, para conter a moeda, foram a 74%.

Mas…Esperem aí…

Em agosto do ano passado, quando as pesquisas indicavam uma rejeição perto de 60%, Alberto Fernández nem era candidato e todos apostavam que Macri ou um candidato seu ainda eram favoritos para vencer, ainda que em segundo turno, qualquer candidato kirchnerista, não se passou o mesmo?

O dólar não passou de 30 para 45 pesos? A taxa de juros não foi elevada a impensáveis 60%? A inflação não e tornou galopante?

Então como é que o medo do regresso do trabalhismo argentino ao poder é o que está causando este desastre?

O que está acontecendo é o estalar do chicote do dinheiro tentando amedrontar o povo argentino por sua nítida tomada de posição, como aqui, em 2002, produziu-se o “efeito Lula” e falou-se em um êxodo de “800 mil empresários” do país, exatamente como Jair Bolsonaro diz que os argentinos fugiriam.

É a lição da História. A primeira, porque a segunda é que isso não funciona.