Publicado originalmente no blog Tijolaço
POR FERNANDO BRITO
Sigilos fiscais quebrados por uma simples mensagem de Telegram.
É isso que aparece – e aos montes – nas mensagens trocadas entre o hoje chefe do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, Roberto Leonel, quando este era o “adido” da receita junto à Força Tarefa.
Não era detectar movimentação atípica de dinheiro nas contas de investigados, mas de vasculhar declarações de imposto de renda do caseiro do sítio de Atibaia e até operações de compras de eletrodomésticos visando incriminar a família de Lula.
Violações suficientes para levar ambos, Deltan e Leonel, para a cadeia pela legislação brasileira, mesmo sem a nova lei de abuso de autoridade.
Não preciso repetir os diálogos, estão longamente descritos na Folha e no The Intercept.
E eles não se referem exclusivamente a casos que estivessem sob investigação em Curitiba: até sobre a família de Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala de Michel Temer, e sobre todos os que fizeram a repatriação – autorizada por lei – de recursos no exterior a Lava Jato avançou, pedindo ao auditor da Receita dados que nem ele poderia ter acesso.
E isso é o que ficou registrados nos diálogos via aplicativos de mensagem. Não se sabe o quanto mais foi pedido por telefone e em contatos pessoais.
O Coaf, órgão importantíssimo para controlar movimentações financeiras inexplicáveis, já está morto e vai ser enterrado numa repartição burocrática do Banco Central.
A decisão de Dias Toffoli de suspender as investigações geradas por seus dados conseguiu uma justificativa moral.
E a Receita Federal, sobre a qual Bolsonaro está estendendo as suas garras, fica fragilizada e desmoralizada.
Parabéns à Lava Jato por ter destruído os mecanismos de controle sobre as movimentações financeiras do Brasil.