Bolsonaro dobra a aposta no 7 de setembro e obriga ministros a cantar o hino em peça de propaganda. Por Helena Chagas

Atualizado em 3 de setembro de 2019 às 23:21
Moro, militares e Bolsonaro. (EVARISTO SA/AFP)

Publicado originalmente no site Os divergentes

A primeira parada ninguém esquece, e o governo Bolsonaro está tentando transformar o desfile de Sete de Setembro deste ano num grande evento. A ponto de constranger os ministros de Estado a cantar o Hino Nacional para vídeos e comerciais de divulgação da data.

Apesar do desconforto dos mais desafinados, e das tentativas de escapar com desculpas esfarrapadas como dor de garganta ou excesso de compromissos, nenhum integrante do primeiro escalão teve coragem de se negar abertamente a participar desse The Voice patriótico. A Secom está percorrendo a Esplanada para fazer as gravações. Diante disso, não é preciso dizer que todos estão mais do que convocados – obrigados – a comparecer no próximo sábado ao desfile na Esplanada, que será pela primeira vez comandado por Jair Bolsonaro.

O capitão receberá continência dos generais e, como é da tradição, autorizará o comandante militar do Planalto a abrir o desfile. Há grande curiosidade em relação à primeira parada militar do governo mais militarizado desde a redemocratização. Será mais longa? Mais garbosa? Nos últimos anos, o desfile durava de uma hora e meia a duas horas, e os presidentes civis e seus ministros costumavam dar sinais de cansaço em seus palanques, debaixo do calor e da seca inclemente dessa época em Brasília.

Um outro elemento frequente nas paradas do Dia da Independência são as vaias. Por mais que se cerque a Esplanada e distribua convites para encher os palanques e arquibancadas próximos ao do presidente só com gente amiga e aliados políticos, sempre escapa um apupo. No caso de um presidente que com apenas oito meses de governo já perdeu tanta gordura em popularidade, é grande a preocupação dos palacianos.