Existe um tipo de patriotismo bem atípico no mundo: o patriotismo brasileiro. De um modo geral, o patriota é aquele que sente orgulho da sua pátria, amor pela sua cultura e apreço pelos seus símbolos e riquezas nacionais. É assim no mundo todo, exceto no Brasil.
O perfil do patriota brasileiro se desenha de outro forma: é aquele que odeia carnaval e samba, abomina o cinema nacional, prefere tudo o que é produzido no exterior e rechaça a produção local, detesta a cultura brasileira e despreza as riquezas nacionais como as estatais e a floresta. O patriota brasileiro acha que o Brasil é um “lixo” e que qualquer país é melhor do que o nosso. O nosso patriota sente-se orgulhoso de defender que estrangeiros explorem nossas terras, nosso patrimônio e nossa força de trabalho. O patriota brasileiro é patriota às avessas… ele orgulhosamente odeia seu país.
Brasil significa “vermelho como a brasa” e é o nome de uma árvore vermelha de madeira caríssima. Brasileiro era o nome do sujeito que cortava essa árvore e a vendia por uma valor ínfimo para os gringos que nos exploravam.
Talvez, ao ver o brasileiro por este ângulo, faça sentido nossa forma patriótica de ser um bom anti-patriota.
Bolsonaro e seus eleitores são o símbolo maior desses típicos patriotas que amam mais os EUA do que o Brasil e odeiam o carnaval, a bossa-nova, o cinema nacional, nossos intelectuais e o que mais for ‘Made in Brazil’.
Aqueles que verdadeiramente amam este país e lutam por ele costumam ser desfiliados pelos tais patriotas. São chamados de comunistas e, não raramente, mandados para Cuba (é uma forma de dizer que não pertencem a este modus operandi nacionalista). Talvez estes não odeiem o Brasil o suficiente para serem chamados brasileiros.
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Tiago Santos é teólogo.