O novo capítulo da Vaza Jato, sobre a manipulação dos grampos de Lula, mostra mais um traço do caráter de Deltan Dallagnol e sua turma.
A certa altura, ele escreve o seguinte ao então delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula:
Igor, consegue pra mim Cd ou DVD com todos os áudios do 9 e a análise dos que tiver? Estou sem nada para ouvir no carro rsrsrs
Igor: Sim… amanhã, ok!?
“9″ era uma referência aos nove dedos de Lula, vítima de um acidente com o torno.
Dallagnol não tirou esse escárnio da Bíblia que diz seguir como cidadão de bem, temente a Deus etc e tal.
Ali tem de tudo, ok, mas não há nenhum versículo mandando tripudiar sobre o defeito físico de ninguém.
Por outro lado, esse “humor” era bastante comum entre os nazistas e suas vítimas.
A entrada dos campos de concentração continham a inscrição “Arbeit macht frei” — “o trabalho liberta”, em alemão.
Judeus com habilidades em metalurgia eram incumbidos de instalar a placa com uma mensagem evidentemente maldosa e falsa.
Esse tipo de piada se chama “schadenfreude”, expressão da língua alemã que designa a alegria ou o prazer diante do infortúnio alheio.
Isso não é, como gosta Dalalgnol, uma filigrana.
Isso é um jeito de encarar o mundo.