De Davos
Não.
Não cometa o meu erro.
Quando você viajar de trem em janeiro de Zurique para Davos, cheque antes se está com a máquina fotográfica.
Esqueci a minha.
Não pode existir trajeto mais bonito. Se eu fosse um cara mais sensível, choraria na subida da montanha que leva ao centro de Davos, nos Alpes suíços. Aquela imensidão esbranquiçada pela neve, cheia de pinheiros cujos ganhos cintilam como se estivessem tomados de luzinhas de árvores de Natal, Deus, como pode ser impressionantemente linda a natureza. Pena que a tanta beleza se siga a aridez estética de um batalhão de políticos e executivos engravatados que há décadas em Davos discutem os problemas do mundo sem no entanto conseguir resolvê-los.
Tenho certeza de que a real motivação de muitos é esquiar.
Jamais tive vontade de esquiar, mas em Davos quis saber como é. Muito cedo para morrer, mas muito tarde para aprender a esquiar.
Prefiro ler a olhar a paisagem quando viajo de trem.
Mas a subida para Davos me impediu, em quase todo o trajeto, de ler.