Bolsonaro aposta, de novo, em ser “lobo solitário”? Por Fernando Brito

Atualizado em 23 de setembro de 2019 às 10:55
O presidente Jair Bolsonaro Foto: Evaristo Sá / AFP

PUBLICADO NO TIJOLAÇO

POR FERNANDO BRITO

Denise Rothemburg, no Correio Braziliense, fala que 18 deputados estariam pretendendo deixar o PSL de Jair Bolsonaro.

O rompimento com o governador do Rio, Wilson Witzel, foi pessoalmente comandado pelo filho Flávio Bolsonaro, mesmo sabendo que a BIC estadual vai tirar do partido alguns de seus mandatos.

Em São Paulo, chamar João Dória de “ejaculação precoce” não foi, certamente, uma maneira de manter o governador próximo.

O que pretende Jair Bolsonaro com uma estratégia de distanciar-se dos políticos com poder?

Ainda é muito cedo para responder, mas a politica de “não-alianças” do ex-capitão dá muitas pistas de que, outra vez, ele pretende cultivar a figura do “lobo solitário”, do antipolítico, a quem os políticos “não deixam governar”.

Pode parecer delírio a conclamação de Olavo de Carvalho a que se organize uma “militância bolsonarista”, onde não importem ideias mas o apoio incondicional ao “chefe”.

É possível que, outra vez, saber que controla a força – as policiais e as Armadas – dê a ele a segurança de que é inatingível e que, portanto, pode desprezar o suporte político das instituições civis. Até que ponto, seria especulação supor.

Bolsonaro ascendeu sendo o desprezado, o hostilizado, o “contramão”, o incorreto.

Não se descarte que queira, até, o repúdio internacional, pois conduz a representação externa do Brasil no caminho de choques e exclusões, ao ponto que é “pule de dez” antecipar que acabaremos recebendo criticas diretas dos organismos internacionais, como a ONU.

Rende-lhe mais o falso patriotismo do “o Brasil é nosso e a gente faz o que quiser” com a impossível posição de ser um chefe de Estado respeitado e admirado.

Do ponto de vista eleitoral, parece fazer nenhuma questão de eleger prefeitos nas capitais e sabe que, ao menos nas maiores, os candidatos dos governadores terão de implorar seu apoio, ao menos no segundo turno.

Atentem para o fato que ser tosco não faz de Bolsonaro um burro. Tanto que levou de roldão toda a direita atrás de si em outubro passado.