Sigilo é para todos, mas não para Moro. Por Fernando Brito

Atualizado em 14 de outubro de 2019 às 10:39

Publicado originalmente no Tijolaço:

A investigação sobre o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, corre em sigilo.

Mas o sigilo, ao que parece, não vale para o Ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Disse ele, no Twitter, que “nem o delegado, nem o Ministério Público, que atuam com independência, viram algo contra o PR neste inquérito de Minas”.

A Folha diz que, afirmando isso, Moro “indica ter acesso à investigação sigilosa“.

E que não é a primeira vez que o faz pois em junho “Bolsonaro afirmou ter recebido informações do ministro da Justiça sobre a investigação em curso”.

E ilegal, e daí?

Para fugir da situação de “vazador oficial”, Moro disse então que limitou-se a repassar ao presidente, como se este não tivesse um “clipping” dos jornais, apenas o que havia sido publicado pela imprensa.

Pelo visto, Moro pode ter se frustrado em seu propósito de aprovar um pacote autoritário , o que a entrevista do presidente da Câmara, hoje, deixa claro que se frustrou.

Mas Bolsonaro, ao contrário, parece que conseguiu seu objetivo de colocar a PF sob um campo de força em relação a ele próprio e sua família.

O grau de confiabilidade de um PF sob o comando de Moro é zero.

Importa pouco se alguns de seus integrantes queiram ser imparciais, a chefia não o é.

Na investigação sobre os hackers, mantém uma linha de “vazamentos preferenciais” com um site moro-bolsonarista que todo o tempo tenta, sem provas, sugerir que os diálogos da “Vaza Jato” revelados pelo The Intercept foram comprados.

São os métodos da Lava Jato levados agora ao poder supremo das instituições judiciais.