O DCM recebeu o seguinte artigo de Rodrigo Cricket.
Está no hora de pararmos de normalizar o absurdo.
Enquanto o PSL, partido que serviu de barriga de aluguel e pariu Bolsonaro, se auto decompõe, como se vítima fosse de uma doença autoimune, grande parte dos brasileiros se regozija (para usar um termo bíblico) enquanto aguarda um desfecho que liberte o país dessa distopia em que vivemos.
Durante as batalhas da semana, exércitos PSL B2 (Bivar e Bebiano) e B4 (Bolsonaro e família) proferiram diversas ofensas contra seus correligionários. Além das ofensas, como a do líder do PSL na Câmara, Deputado Delegado Waldir (PSL-GO), que acusou o presidente Jair Bolsonaro de ser um VA GA BUN DO (e reafirmou a fala nesta tarde), temos também assistido a troca de acusações e ameaças que envolvem a prática de crimes.
E se um deputado tem conhecimento de que crimes foram ou continuam sendo praticados ele tem o dever de ofício de denunciá-los.
Não pode ser diferente a conclusão de quem acompanhou a troca de farpas nessa tarde, pelo Twitter, entre Joice Hasselmann (PSL-SP) (ex-líder do Governo no Congresso, recém destituída) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho zero dois do Presidente.
Após ser atacada por seguidores de Eduardo Bolsonaro nas redes sociais e incomodada com o modus operandi da família contra os que dela discordam, Joice partiu para o revide e assinalou: “Olha só mais um “presentinho” da milícia digital para mim. Anota aí: NÃO TENHO MEDO DA MILÍCIA, NEM DE ROBÔS! Meus seguidores são DE VERDADE, orgânicos. E não se esqueçam que eu sei quem vocês são e o que fizeram no verão passado.
A primeira parte do tweet não traz nenhuma novidade. Que esse agrupamento a quem pertencem pode vir a ser condenado pela prática de crimes, cibernéticos e/ou não, isso já é de conhecimento público e alvo de investigações.
O ponto que não se deve deixar para lá e ser objeto de representação para que a Deputada esclareça a toda a sociedade vem na última frase: E não se esqueçam que eu sei quem vocês são e o que fizeram no verão passado.
Para bom entendedor esse trecho já seria uma tese. Para o mais incauto, deve causar espanto. A até hoje líder do Governo Bolsonaro no Congresso Nacional (Casa que une toda a representação do Parlamento – Deputados e Senadores), Joice Hasselmann declara com todas as letras que sabe o que a família Bolsonaro e seus apoiadores fizeram no verão passado.
Não é necessário muito QI para saber o significado dessa expressão (um clássico da cultura cult desde os anos 70).
Trata-se de clara ameaça.
E, se a ameaça se baseia no conhecimento da prática de ilícitos, a nobre Deputada tem o dever de ofício de denunciar, sob risco de ser acusada de peculato (crime cometido por funcionário público quando, indevidamente, este retarda ou deixa de praticar ato de ofício, ou pratica-o contra disposição legal expressa, visando satisfazer interesse pessoal).