Corpo do menino que desapareceu depois da abordagem da PM é encontrado em lago de Santo André

Atualizado em 29 de novembro de 2019 às 6:52
Lucas: O menino sumiu após sair para comprar bolachas e refrigerante / Arquivo família

Publicado originalmente no site Brasil de Fato

POR NARA LACERDA

O exame de DNA confirmou que o corpo encontrado no lago do Parque Natural Municipal do Pedroso, em Santo André (SP), é do menino Lucas Eduardo Martins. O garoto de 14 anos, morador da Favela do Amor, desapareceu no início da madrugada do dia 13/11, após sair para comprar um pacote de bolachas e uma garrafa de refrigerante em uma venda vizinha à residência em que mora com a mãe e os irmãos.

Ainda não há confirmação oficial sobre a causa da morte, mas, de acordo com informações de bastidores, não havia sinais de violência no corpo, o que aumenta as suspeitas de morte por afogamento. Parentes de Lucas afirmam que o garoto não sabia nadar e consideram improvável que ele tenha ido à lagoa por conta própria.

A notícia foi recebida com consternação pela comunidade, que desde o sumiço do jovem fez várias manifestações pedindo respostas. Com a confirmação da morte de Lucas, resta agora a pergunta sobre os circunstâncias do caso.

Familiares e vizinhos afirmam ter visto uma viatura da Polícia Militar em frente à casa do rapaz pouco tempo depois da saída dele. A mãe do jovem, Maria Marques Martins dos Santos, ouviu o barulho de um veículo e, na sequência, a voz do filho dizer “eu moro aqui”. Ao olhar pela janela, Maria diz ter visto o carro da PM.

Momentos depois, ela conta que dois policiais bateram à porta, fizeram perguntas sobre os moradores, pediram para entrar. Foram autorizados, mas desistiram na sequência.

O caso é acompanhado de perto pela Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio e pelo Conselho Estadual dos Direitos Humanos (Condep).

“Os familiares denunciam que foi após uma abordagem policial. Então, agora o que os familiares aguardam é que o crime seja esclarecido. Que se esclareça, se investigue, se conclua quem teria cometido o assassinato, quem seria responsável pelo desaparecimento. É necessário que a polícia de São Paulo dê continuidade às investigações, assim como a própria Corregedoria da Polícia Militar”, afirma o advogado e conselheiro do Condep, Ariel de Castro Alves.

Dois policiais militares estão afastados das rondas, desde o último dia 15 de novembro. Eles atuavam dentro da Favela do Amor e eram conhecidos dos moradores. Eles agora exercem funções administrativas sem prejuízos aos vencimentos.

Prisão da mãe

No dia 19 de novembro, a mãe de Lucas, Maria Marques Martins dos Santos, foi detida ao chegar no Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) de Santo André para prestar depoimento sobre o caso do filho.

A família e a comunidade encaram a prisão como uma tentativa de tirar o foco das investigações sobre o sumiço do adolescente.

Ela já havia sido absolvida em 2012, por falta de provas, mas o Ministério Público recorreu e, em 2017, Maria foi condenada em segunda instância, mas não recebeu a notificação do oficial de justiça.

A mãe de Lucas constava como foragida no processo, mas morava no mesmo local há nove anos.