Publicado originalmente na Rede Brasil Atual:
O governo brasileiro mais uma vez foi duramente criticado durante a COP-25, tanto nos corredores quanto nas atividades organizadas pela sociedade civil. O governo brasileiro é acusado de ser um dos maiores bloqueios para o avanço na redução das emissões de gases.
Tratado por especialistas como “ameaça” ou “perigo”, o Brasil não só perdeu o protagonismo internacional que vinha construindo, como conquistou um dos lugares menos respeitosos. Em uma atividade organizada por agentes não-governamentais no estande da Alemanha, o Brasil foi destacado ao lado da Arábia Saudita como um dos países mais danosos aos processos de negociação da COP.
Daniel Gaio, secretário nacional de meio ambiente da CUT, afirma que “apesar do atual desgoverno brasileiro, as ações audaciosas dos governos petistas e a liderança internacional de Lula continuam sendo referência, inclusive porque integravam os movimentos sociais, os povos indígenas e quilombolas em sua política de Estado. É esse tipo de ação que o mundo clama”, comenta em referência a carta que Lula enviou à COP-25, e que foi lida por em ato de repúdio ao governo chileno, no último dia 4.
Milhares nas ruas de Madrid
Durante o ato que mobilizou milhares de pessoas dos mais de 190 países presentes na COP-25, e que ocupou as principais vias do centro de Madrid, não foi diferente. Cartazes em protesto ao Brasil eram vistos por todo o ato, que trazia diversas reivindicações ao mundo: desde a proibição de agrotóxicos até a o fim do modelo capitalista.
Em comum, os manifestantes tomavam por referência fatos científicos, como os dados sobre as catástrofes previstas caso os países não reduzam pela metade a quantidade de gases emitidos pelos próximos 10 anos.
Dentre as previsões, 120 milhões de pessoas a mais na linha da pobreza e a extinção completa dos recifes de corais.
O coordenador da Frente Parlamentar ambientalista, deputado federal Nilto Tatto, afirma que é urgente a mobilização popular, a exemplo do ato de hoje: “Infelizmente as negociações para o avanço das metas para redução das emissões de gases não vão bem. Os governos deveriam protagonizar. Mas, o que se configura, é que os movimentos sociais e populares, a exemplo dos povos indígenas latino-americanos, da Greta, e tantos outros, têm exigido as responsabilidades contra as mudanças climáticas, mas não sabemos se os governos atenderão. Os parlamentares do mundo todo tem um papel fundamental para pressionar junto a sociedade civil e exigir que as metas sejam mais efetivas”, comenta o parlamentar, que chega a Madrid no próximo dia 8. Rita Brandão, diretora adjunta do Instituto Brasileiro de Análises Econômicas e Sociais (Ibase), concorda com o deputado: “Eu diria que não há justiça climáticas sem justiça social. Precisamos de medidas concretas desde já, mas que também promovam a imediata proteção da vida dos que já estão ameaçados como os povos tradicionais”, conclui.