Em março de 2016, Diego Escosteguy era editor de política na revista Época.
Numa madrugada, ele publicou nas redes uma informação vazada pela Lava Jato sobre a coercitiva de Lula que o tornaria famoso.
“Poucas horas para um amanhecer que tem tudo para ser especial, cheio de paz e amor”, escreveu.
Foi demitido em 2018 após uma série de burradas. Uma delas era uma conversa de café com Joaquim Barbosa que transformou em “entrevista exclusiva”.
Neste ano, Escotesguy resolveu criar um site chamado Vortex, que vendeu como ‘promessa’ do jornalismo brasileiro num “manifesto” pretensioso e idiota.
“Criamos um modelo inovador para cumprir essa missão. Chama-se ‘jornalismo em movimento’. Ele alia independência, imparcialidade, rigor, espírito crítico e equilíbrio na busca dos fatos de interesse público com transparência radical de métodos e intenções”, escreveu.
Durou pouco.
O jornalista Sérgio Spagnuolo contou os bastidores dessa falência no Twitter.
Ajudei a montar o projeto do começo: contratações, tecnologia, modelo de negócios, branding, criação do nome. Participei de quase tudo. O cara sequer me telefonou, muito menos apareceu em SP pra falar com a equipe. Dediquei meses intensos da minha vida a isso, vesti a camisa.
— Sérgio Spagnuolo (@sergiospagnuolo) December 7, 2019
A sacanagem foi tamanha que, sabendo da situação, fizeram a gente vir trabalhar durante um mês, incluindo feriado do dia 15/11, já cientes que os pagamentos do mês não estariam garantidos. Não falaram nada pra gente, viemos trabalhar de graça.
— Sérgio Spagnuolo (@sergiospagnuolo) December 7, 2019
Em outubro de 2019, colocamos o site no ar. O manifesto do Diego era surreal: longo e arrogante. A promessa de ser o melhor dos melhores. Não gostei do manifesto, mas menti pra mim mesmo e o defendi. Abracei a ideia, era esse jornalismo que eu queria.
— Sérgio Spagnuolo (@sergiospagnuolo) December 7, 2019
Eu tenho um negócio, o Volt. Sei que é incrivelmente difícil, muito mais do que parece de fora. Tinha muita simpatia pelo Diego, sempre me tratou com muito respeito até agora. Sempre foi solícito, boa pessoa comigo. Eu o defendia dentro e fora da empresa.
— Sérgio Spagnuolo (@sergiospagnuolo) December 7, 2019
Mas o que aconteceu no Vortex é a própria definição de "debacle", onde jornalistas foram atraídos e iludidos com promessas vazias, nunca concretizadas. A gente aceitou nem saber de onde vinha a grana (não sabemos), confinando na palavra dele.
— Sérgio Spagnuolo (@sergiospagnuolo) December 7, 2019
Sei que existe um certo temor no jornalismo em criticar publicamente empregadores antigos, com medo de se queimarem no mercado, mas faço mesmo assim, porque o que aconteceu no Vortex não foi um negócio ruim que deu errado, foi uma enganação que prejudicou dezenas de pessoas.
— Sérgio Spagnuolo (@sergiospagnuolo) December 7, 2019