Um momento.
Revolução quem faz são pessoas, não redes sociais ou o que for. Querer atribuir ao Facebook o renascimento árabe é uma imensa tolice e uma imperdoável usurpação de mérito.
Não havia rede social em 1789 na França e nem em em 1917 na Rússia.
Os líderes árabes estão caindo de podres.
E gente de carne e osso está fazendo a história andar.
Muitas morrem nesta tarefa.
Por exemplo, o jovem tunisiano que, impedido de vender suas mercadorias na rua por policiais corruptos que lhe queriam extorquir propina, acabou ateando fogo ao corpo.
Mohammed Bouazizi.
Bateram nele. Cuspiram. Insultaram. Levaram suas mercadorias – frutas e vegetais. E também a balança com qual pesava as vendas e cobrava os fregueses.
Bouazizi não tinha nem 30 anos, mas já estava cansado da violência cotidiana.
E então pôs fogo no próprio corpo. Dias depois, estava morto. E logo em seguida o presidente Ben Ali estava enxotado pelo povo tunisiano. Numa das cenas mais patéticas dos últimos tempos, Ben Ali posou com cara de pesar para uma foto numa visita que fez a Bouazizi.
Atribuir ao Facebook um papel importante na Tunísia – ponto a partir do qual outras insurreições se ergueram – é agredir a memória de Bouazizi e quantos mais estão morrendo para que o mundo árabe renasça.