Roma é meu destino hoje.
A missão é escrever um perfil de Berlusconi para a revista Alfa.
Estive lá em 2009, e é bom voltar. Gosto do barulho italiano, da alegria explosiva das pessoas, da comida que lembra a da minha infância. Você encontra restaurantes sensacionais em todo canto. Você não tem que procurá-los. Eles acham você quando você sente fome.
Contra a opinião maciça dos paulistanos, acho a pizza italiana a melhor do mundo.
Se não estivesse frio, alugaria uma vespa. Roma parece ter sido para feita para ser penetrada e desfrutada numa vespa.
Roma é a terra de um dos meus escritores favoritos, Alberto Moravia, o autor de A Romana, Ciociara e Desideria. Poucos escritores escreveram alta literatura com um conteúdo erótico tão intenso quanto Moravia. Penso em DH Lawrence e em ninguém mais.
Moravia levou um trote horrível. Uma vez ligaram a ele e disseram que era da Academia Sueca. A pessoa disse que ele tinha recebido o Nobel de Literatura. Moravia acreditou. E saiu dizendo.
Era mentira.
Foi pensando nisso que Vargas Llosa demorou um longo tempo para acreditar no telefonema em que lhe comunicaram o Nobel.
Bem, rumo a Roma.
Minha missão é decifrar Berlusconi.
A única coisa que sei é que ele, aos 70 e tantos anos, é louco por mulheres jovens.
Como todos os homens, excetuados os gays e os fanáticos por baralho ou por produtos da Apple.
Betsabá arrumou uma serva jovem para o marido Davi quando este estava velho. Era uma maneira de aquecê-lo.
Como não existem mais Betsabás e o mundo moderno pensa diferente, Berlusconi é crucificado. Seu crime — no campo sexual — é fazer o que todo homem normal gostaria de fazer.
O resto, ou muito do resto, é hipocrisia misturada com inveja.