Assessora de Paulo Guedes aparece como “diretora” e “representante” de empresa. Por André Barrocal

Atualizado em 18 de janeiro de 2020 às 18:11
Ministro da Economia, Paulo Guedes, em Washington – Olivier Douliery – 25.nov.2019/AFP

Publicado originalmente pela Carta Capital:

POR ANDRÉ BARROCAL

Daniella Consentino, que diz haver falha cadastral, estaria na mesma situação que pode derrubar Fabio Wajngarten.

O chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Fabio Wajngarten, está com a cabeça a prêmio após a revelação de que continua dirigente de uma empresa contratada por emissoras de tevê que recebem verba da Secretaria. A lei dos servidores (8.112) proíbe-os de ter esse vínculo e a Lei de Conflito de Interesses (12.813), de manter “relação de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão do agente público ou de colegiado do qual este participe”.

Uma pessoa de confiança do ministro da Economia, Paulo Guedes, pode estar na mesma situação. É Daniella Marques Consentino, chefe da assessoria especial de Assuntos Estratégicos da pasta.

Até a sexta-feira 17, o nome dela aparecia na base de dados da Receita Federal como “diretora” da empresa Mercatto S2 Participações. Criada em 2010, conforme a mesma base de dados da Receita, a firma atua no mercado financeiro, setor impactado pelas decisões de política econômica de Guedes e sua equipe.

É uma empresa da teia societária da Bozano Investimentos, hoje Crescera Investimentos, da qual Guedes era sócio até entrar no governo – um deputado, Paulo Ramos (PDT-RJ), diz que o ministro continua sócio e pediu investigação dele à Procuradoria Geral da República, ao Tribunal de Contas da União e à Comissão de Ética Pública.

Na base de dados da Receita, Daniella aparece como representante legal da Crescera em uma outra empresa, a BP Venture Capital, conforme se via também na sexta-feira 17.

Em 22 de abril de 2019, a assessora recebeu no Ministério um dos sócios da Crescera, e portanto chefe dela caso ela seja representante legal na BP, Elie Horn. Em seguida, reuniu-se com dirigentes de uma filantrópica criada pelo empresário, o Instituto Liberta, de combate ao abuso sexual infantil.

A assessora diz que as duas reuniões foram sobre o programa de incentivo ao voluntariado que o governo lançaria dali uns meses. Afirma ainda ter saído de todas as empresas antes de ingressar no Ministério e que deve ter havido falha de atualização cadastral, para que seu nome ainda conste como “diretora” da Mercatto e como “representante legal” da Crescera na BP.