Publicado originalmente no blog do autor
Hélio Schwartsman, um dos principais colunistas da Folha, um dos defensores do golpe de 2016 e agora um dos jornalistas retardatários antiBolsonaro, apresenta-se também como pregador judeu indignado com os extremismos da família e seus cúmplices no poder.
Com mais de dois anos de atraso, ele escreve hoje na Folha, deixando claro que se manifesta na condição de judeu:
“(…) na condição de membro relapso da comunidade judaica (não fiz bar-mitzvá e não acredito em Deus), confesso-me intrigado ao ver judeus apoiarem um político extremista, em especial um que minimiza a importância dos direitos humanos e de minorias e faz pouco das garantias do Estado de Direito. Até por razões epigenéticas, judeus deveriam manter-se tão longe quanto possível desse gênero de dirigente, situe-se ele à direita ou à esquerda”.
Só agora esse apelo, senhor Schwartsman? Só agora essa contundência? Só depois da teatralização nazista de Roberto Alvim?
Muito antes, quando Bolsonaro se exibiu para a comunidade judaica, em evento de abril de 2017 na Hebraica do Rio, debochando dos negros e anunciando que iria caçar índios, poucos se levantaram.
Muitos dos reacionários que estavam na palestra gargalhavam em êxtase.
E só agora o senhor faz um apelo à comunidade, em nome de uma ética genética? Antes, não? Antes Bolsonaro não incomodava os judeus?
Schwartsman deveria conhecer judeus gaúchos, que sempre assumiram posição corajosa diante do bolsobarismo e que hoje irão rir da sua pregação retardatária.
Esses bravos não precisam da retórica oportunista do cara que vira antibolsonarista porque Alvim passou dos limites e porque o jornal em que trabalha trava uma guerra com Bolsonaro.
Estaríamos todos condenados, se ficássemos à espera de alertas como esse sobre a índole nazista do bolsonarismo.