Gaddafi estava sem saída. Era um ditador nos estertores. Seu tempo no poder já se contava em dias.
Tudo isso até que os Estados Unidos, a França e a Inglaterra atacassem a Líbia.
Gaddafi pode agora dizer que está lutando contra os imperialistas ocidentais. Pode mostrar cenas de civis mortos e conclamar a população à resistência nacional.
É um jogo de xadrez complexo. Os insurgentes, daqui por diante, poderão ser catalogados espertamente por Gaddafi como traidores. É mentira. Mas mentiras são armas poderosas em guerras, desde que as circunstâncias as ajudem. Podem valer mais que bombas.
Podemos ter mais um Iraque na Líbia. Lembre. Saddam Hussein foi derrubado quando era tão abominado quanto Gaddafi. O que veio depois é conhecido. Os vitoriosos – os americanos – geraram tal repulsa entre os iraquianos que logo veio uma guerra primeiro silenciosa, depois aberta contra eles. Essa guerra não terminou, tantos anos depois. Qualquer governante no Iraque apoiado pelos americanos é visto pelos locais com intensa suspeita.
É tal o ódio ancestral que os povos árabes têm das potências ocidentais, por séculos de pilhagem, que qualquer ação delas na região parece aos nativos ter motivos econômicos, econômicos e econômicos.
Por tudo isso, deve ser aplaudida a decisão do Brasil de se abster na votação da ONU que autorizou os ataques.
A Libia não é o Iraque.
Mas pode virar.
Gaddafi não é mártir.
Mas daqui por diante pode parecer.