O governo zerou repasses para o principal programa de combate à violência contra a mulher – se alguém ainda não havia entendido, agora sanaram-se todas as dúvidas: o governo Bolsonaro declarou uma guerra às mulheres.
A Casa da Mulher Brasileira é um programa criado por Dilma em 2015, que tem por principal objetivo construir ao menos uma unidade de atendimento integrado, por estado, para aquelas que sofrem com agressões físicas e psicológicas.
O Ministério de Damares, entretanto, diz não ter condições de manter e custear o programa.
Em vez disso, a Ministra sugere “reformular” – reformulação no dos outros é refresco.
A ideia é manter prédios alugados em vez de construí-los, em 25 municípios brasileiros, incluindo Brasília, que já conta com um prédio construído e parado desde 2018.
Por quê colocar pra funcionar o prédio que já temos se podemos alugar outro?
Claramente um gênio da gestão de recursos.
Resultado: não há, atualmente, no Brasil, nenhuma política concreta de combate à violência contra a mulher.
No quinto país mais misógino do mundo, pior país da América Latina para se nascer mulher, onde uma de nós é agredida a cada cinco minutos e estuprada a cada doze, não há políticas públicas direcionadas à mulher.
Será que falta dinheiro?
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, entre 2015 e 2019, o orçamento da Secretaria da Mulher, órgão do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, foi reduzido de R$ 119 milhões para R$ 5,3 milhões.
No mesmo período, os pagamentos para atendimento às mulheres em situação de violência foram reduzidos de R$ 34,7 milhões para apenas R$ 194,7 mil.
Pra onde vai o dinheiro que deveria ser investido no combate à violência contra a mulher? O pouco que ainda chega para a pasta vem sendo aplicado em campanhas inúteis como a que pretende convencer os jovens a não fazerem sexo, que custou 3,5 milhões de reais.
Prioridades.
Enquanto isso, Damares canta a cantiga do neoliberalismo e diz que seu governo é de “articulações” e depende de Parcerias Público-Privadas para funcionar. Oi? As mulheres dependem da iniciativa privada para serem protegidas de seus agressores? Morreremos esperando.
A Casa da Mulher Brasileira, ao contrário das ideias de jerico de Damares, é de fato um programa efetivo (seria, acaso houvesse investimento) porque está focado na geração de emprego e renda para mulheres agredidas, e não apenas em atendimento jurídico e psicológico, como era praxe nos governos anteriores ao PT (e no Governo Bolsonaro, nem isso).
Essa é talvez a única maneira de frear o ciclo da violência, já que, num sistema capitalista, é o dinheiro que mais empodera: pra onde iria uma mulher violentada e financeiramente dependente de seu agressor?
Damares não sabe, nem se importa.
Seu ministério faz qualquer coisa, menos proteger as mulheres e defender seus interesses, o que prova que de nada adianta termos mulheres no governo se elas forem capitãs do mato de seus senhores do patriarcado.