Huck tenta entrar no eleitorado de Lula. Por Moisés Mendes

Atualizado em 6 de fevereiro de 2020 às 10:11
Luciano Huck e Lula. Foto: Wikimedia Commons

Publicado originalmente no blog do autor

Finalmente temos uma notícia nova. Está lançada a candidatura de Luciano Huck. A Folha abriu suas páginas para um textão do moço com seu programa de governo em defesa dos pobres, da educação pública e da tributação dos ricos.

Está ressuscitada a ideia do pacto, que a direita resgata em situações como essa:

“Este é o momento de o Brasil fazer um novo contrato social. O Brasil precisa de uma ampla coalizão política para enfrentar a desigualdade de oportunidades, replicando as boas experiências e as boas práticas, sejam elas da direita ou da esquerda. Principismo ideológico, irredutibilidade e aversão aos fatos não vão gerar políticas públicas eficazes para resolver os problemas mais graves e urgentes do país”.

Gostei da parte do “principismo ideológico”.

Huck tenta entrar na faixa do eleitorado de Lula, começa o texto com a história de um rapaz pobre e se apresenta como a cara de uma nova elite comprometida com a redução das desigualdades.

A palavra saúde não aparece no texto. A palavra trabalho tem uma citação, mas para dizer que “precisamos de políticos e servidores públicos comprometidos, tecnicamente e eticamente capacitados para o trabalho”.

O candidato insinua que Bolsonaro não conseguirá cumprir “suas promessas de tornar o Brasil um país melhor”. Mas o tom geral é de um mediador, um calouro em busca do centro perdido para o bolsonarismo.

Fomos jogados no caldeirão do Huck e da Globo. É um caldo com tudo dentro. Tem pitadas de Jânio, Sarney, Collor, Fernando Henrique, Aécio, Temer. A direita tenta se reinventar com um bacana. Fartem-se.

(Um detalhe: a Folha não deu chamada de capa para o lançamento da candidatura)