Guedes usa as domésticas para avisar os amigos. Por Moisés Mendes

Atualizado em 14 de fevereiro de 2020 às 7:40
O MINISTRO DA ECONOMIA PAULO GUEDES (FOTO: CARL DE SOUZA/AFP)

Publicado originalmente no blog do autor

Paulo Guedes mandou dois recados ao fazer o comentário sobre o dólar e a história das viagens das empregadas domésticas para a Disney.

O primeiro recado não foi, como se pensa, para as domésticas, mas para os especuladores. A dizer que o dólar se manterá alto, Guedes deu uma senha: divirtam-se com o enfraquecimento da moeda nacional.

Tanto que ontem o dólar subiu depois da fala do sujeito e chegou a R$ 4,38 e só caiu porque o Banco Central entrou no mercado e ofereceu a moeda americana. Bolsonaro está queimando à vontade as reservas formadas nos governos Lula e Dilma.

É uma festa. E até as domésticas vão sendo usadas como pretexto. Como queria mandar o recado para os amigos, Guedes desqualificou as empregadas, porque ele não deseja mesmo ver pobre viajando de avião.

Guedes não estava falando das domésticas, mas dos pobres em geral. Pobres e negros. O bolsonarismo odeia pobre.

Ele não podia simplesmente dizer: prestem atenção, meus amigos, porque o dólar não vai cair, ao contrário, vai continuar subindo. Então, usou as domésticas.

Porque ele sabe que empregada doméstica só viaja para os Estados Unidos para acompanhar as patroas.

Ingênuos devem estar dizendo: mas quem manda na política monetária e faz a gestão da moeda é o Banco Central. E eu digo: então tá.