De Paris
Você perde rapidamente o direito de se surpreender com as grosserias dos motoristas de táxi de Paris, tais e tantas.
Mesmo Paris tendo tantos turistas, eles se orgulham de ser monoglotas e de falar apenas francês. A barreira entre os passageiros e os taxistas começa aí, e logo se expande.
Mesmo sendo tão previsíveis em sua estupidez eles conseguem estabelecer novos limites para os desaforos.
Ontem, por exemplo.
Uma corrida do Hotel Magenta – que recomendo vivamente, bons preços, boa internet, bom café da manhã e boa localização, grudado na Gare du Nord – para a Champs Elysèe custou 14,90 euros. Dei uma nota de 20 e tentei dizer ao motorista que ficasse com um a mais. Gesticulei quase freneticamente para que ele entendesse. O motorista devolveu duas moedas grandes e uma pequena de 10 centavos.
Imaginei que fosse uma moeda de dois euros e uma de um. Assim, ele ficaria com o euro de gorjeta. Mas não. Eram duas de dois. Não estou familiarizado com as moedas do euro. Quis aumentar ligeiramente a gorjeta e passei a ele a moedinha.
Ele grunhiu. E ao mesmo tempo em que grunhia atirou para trás a pequena moeda como se estivesse diante da Fontana di Trevi.
Isto é táxi em Paris.
Mas Paris é mais que táxi.
A poucos metros dali, um grupo de jovens fazia na calçada em frente da Sephora uma apresentação – gratuita – de dança de rua. Pareciam profissionais, e talvez um dia saiam da rua para os palcos. Um presente inesperado para os transeuntes. Muitos deles pararam e tiveram vinte minutos de entretenimento, ao fim dos quais os menos avarentos deixaram moedas nos chapéus pretos colocados no chão.
Paris é mais que seus táxis.