A sabedoria por trás do bordão popularizado nas manifestações.
Um dos cartazes mais populares das manifestações dizia que “queremos hospitais padrão Fifa”. O bordão acabou pegando. Me lembro de um sujeito que gritava, num protesto, que seu sonho era uma mulher padrão Fifa.
“Meu governo é padrão Felipão”, disse Dilma. É uma forma de desconversar e, de certa maneira, embute uma admissão de que ela não chegou lá.
O padrão Fifa se tornou uma espécie de ISO 9000, um selo de qualidade para produtos e serviços. Sim, o nome da entidade está ligado à corrupção – mas a Fifa faz exigências que deveriam ser, no mundo ideal, default.
Curiosamente, em 2007, um relatório da entidade dizia que os hospitais brasileiros eram suficientemente bons para receber o torneio. “Nós não prevemos que o Brasil tenha nenhum problema para cumprir os elevados padrões estabelecidos pela Fifa para todos os envolvidos na Copa do Mundo de 2014”, diz o documento.
Jerome Valcke, secretário geral da entidade, tentou explicar a equação. “São as 32 melhores equipes do mundo. Um bilhão de pessoas assistindo à final. Três milhões de pessoas nos estádios etc etc. Quando temos estes números, temos que fazer o melhor. Não podemos desapontar as pessoas. Elas esperam o melhor tanto dentro do campo, quanto nas cidades. Querem se divertir quando vierem para o Brasil. Por isso pedimos muito, pedimos o melhor. Por isso nosso padrão é tão alto”.
Havia um recado irônico óbvio nos cartazes. Mas estamos mais exigentes e isso não é piada. As pessoas sabem que os dois países distintos que conviveram na Copa das Confederações precisam ser um só.