Em SP, tucanos estão perseguindo professores e servidores da educação. Por Donato

Atualizado em 21 de fevereiro de 2020 às 23:16
Eles

Durante inauguração de um hospital ontem em Presidente Prudente (SP), o governador João Doria precisou enfrentar um protesto de professores que reclamavam por melhores salários e contra o fechamento de escolas.

A reação de Doria em frente aos microfones foi alegar que “remunera bem” os professores produtivos, mas não o “professor preguiçoso que fica em casa tomando suco de laranja”.

Doria dá sequência ao projeto de desmantelamento do ensino público e de menosprezo e ataques a professores e servidores da Educação que vem sendo imposto pelo PSDB há muitas décadas.

Ataques e perseguições, diga-se. Quem não é do esquema passa a ser perseguido e até demitido por motivos ideológicos.

A professora Virginia Ferreira foi suspensa e está sofrendo processo administrativo apenas por ter falado sobre feminismo em sala de aula. Trevas, meus amigos.

Somadas as gestões Geraldo Alckmin e João Doria, cerca de 2.500 profissionais do setor foram dispensados de suas funções. Muitos deles, apenas por serem de esquerda.

Ou então por rebelarem-se contra os esquemas inescrupulosos do PSDB.

O DCM conversou com Ariosto Moreira da Rocha. Agente de Organização Escolar em Itaquaquecetuba, ele atuava há 26 anos na Escola Estadual Parque Piratininga.

Faltavam somente dois anos para se aposentar quando Ariosto foi demitido. Ele afirma estar com problemas de saúde sem poder usar o Hospital do Servidor.

Ariosto depondo na Alesp

DCM: Qual o motivo de sua dispensa?

Ariosto: Perseguição política. Sou filiado ao PT e diretor do sindicato dos funcionários.

Só por isso?

Não. Eu fiz denúncias. Apontei falta para direção da escola que não vinha trabalhar a noite e também um escândalo com a merenda.

Explique.

Fiz a denúncia que uma empresa que concorria para fornecer merendas era da diretora da escola, Rosana Fragoso Biancolini. Ela é casada com Marcio Hernandez Ruiz que era o pregoeiro das licitações. Nem faziam questão de guardar segredo. Diziam para quem quisesse ouvir que eles iriam ganhar as licitações. O marido também afirmou isso ao demitir uma merendeira.

E ganharam?

Ganharam. Eu denunciei a fraude e a Corregedoria Geral da Administração investigou e confirmou o favorecimento.

Não deu em nada?

A Corregedoria “não descobriu” os donos, descobriu só o favorecimento na merenda.

O esquema com merendas é algo enraizado no PSDB…

Esse casal é afilhado da dirigente regional de Ensino, Rosania Morales Morroni. Essa dirigente falava para todo mundo que é comadre do Geraldo Alckmin, que ele é padrinho da sua filha, etc.

Costas quentes…

No ano de 2009 a escola não atribuiu aulas de Educação Física. Essas aulas eram pagas a eventuais de confiança. Em 2010, um professor deu aula com diploma falso. A dirigente Rosania, de posse dessas informações, acobertava os ilícitos e usava para coagir e conseguir testemunhas para depor contra mim. Um colega da escola que foi coagido a depor em meu desfavor, não aceitou e foi demitido também. Armaram contra ele e levaram de camburão para delegacia.

Essa dirigente deveria apurar e punir os culpados, e não criar fatos para demitir inocentes. Gostaria que a Secretaria de Educação abrisse uma investigação.

Está recorrendo na Justiça contra a dispensa? Pretender acionar em grupo, ação coletiva?

Sim. Corre um processo judicial e um pedido de revisão. Tem áudio, vídeo, documentos, testemunhos. Tudo atesta a perseguição e a minha inocência.

O Escola Sem Partido tem algo a ver com essas perseguições?

Faz tempo. A pessoa que me demitiu é uma das idealizadoras. Eles querem eleger pessoas do partido deles. Essa dirigente afasta pessoas do cargo para dar aos amigos e depois lança-os como vereador ou apoiador de deputado ou governador.

Além de Ariosto, o deputado Carlos Giannazi está representando um grupo de pelo menos 25 servidores e professores demitidos por perseguição política, dispensados de forma arbitrária.

Em muitos casos os processos já chegaram ao fim, sem possibilidade mais de recurso. Por isso o deputado estuda caso a caso os passíveis de um pedido de reabertura da ação.