Publicado originalmente no site Brasil de Fato
Logo na abertura do desfile da Série A (acesso) do Rio de Janeiro, na noite de sexta, 21, o presidente Bolsonaro recebeu sua primeira crítica no Carnaval 2020 em sambódromos. A escola entrou na Sapucaí com o enredo “O conto do vigário”, e no final do desfile apresentou um boneco do palhaço Bozo com uma faixa presidencial e fazendo o símbolo da arminha, gesto característico de Jair Bolsonaro.
Ao longo do desfile, a plateia se dividiu entre aplausos e vaias. O Carnaval deste ano promete ser um dos mais politizados dos últimos anos. Nas ruas, diversos blocos montaram suas apresentações voltadas a críticas ao atual governo.
Depois da passagem do boneco, a ala “Bloco Sujo” fez uma homenagem aos blocos de rua que se manifestam contra o descaso do poder público. Os participantes estavam vestidos de marinheiro e melindrosa, carregavam estandartes com as palavras “Educação”, “Cultura”, “Saúde” e “Democracia”.
Confira um trecho do samba-enredo da Acadêmicos do Vigário
Tupiniquins, Tupinambás e Potiguaras
Tamoios, Caetés e Tabajaras
É Banto, é Congo, é de Angola
Somos da tribo quilombola
Tupiniquins, Tupinambás e Potiguaras
Tamoios, Caetés e Tabajaras
É Banto, é Congo, é de Angola
Somos da tribo quilombola
Que segue aguerrida
Mas sempre esquecida
Por quem tem poder
Montando em cabrestos
Matando direitos de quem quer viver
O homem de terno pregando mentira
Desperta a ira em nome da fé
Pois é, na crise nossa gente acende vela
Pra santo que nem olha pra favela
E brinca com direito social
Ó mãe, o morro é o retrato do passado
Legado de um mito mal contado
Vigário, teu protesto é Carnaval