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Vou explicar o que levou ao caos de hoje.
Pós-crise de 2008 e pós-crise europeia de 2011-12, os Bancos Centrais dos países avançados começaram a fornecer liquidez, isto é, facilitar o acesso à moeda.
Eles não fizeram isso por excesso de Estado ou por erro, mas para amenizar flutuações financeiras como as vistas no período 2008-2012 e que foram penosas para a economia mundial.
O mundo, diferente do Brasil, rodou bem após isso, afora o choque de 2014, rapidamente contornado.
O efeito colateral foi que o dinheiro facilitado, que em parte empurrou a produção e o emprego (por exemplo, taxa de desemprego nos EUA hoje é de 3,5%), também inflou o preço de ativos financeiros e endividou famílias e, sobretudo, empresas.
Assim, desde pelo menos 2017 há sintomas de que em algum momento os investidores passariam a vender os ativos com preços inflados. Contudo, os BCs continuaram a amortecer as fagulhas que indicavam que este processo de saída dos investidores estava para acontecer.
Guerra comercial pareceu ser esta fagulha, não foi.
A questão EUA-Irã também pareceu, não foi.
Daí veio o coronavírus e acertou o leste asiático, em especial China e Coreia, e naquela região está um dos motores da economia mundial.
Como o Covid-19 se espalha fácil e por aglomeração social, fábricas fecharam, cadeias de suprimento se interromperam, e as vendas das empresas caem com a queda do comércio global (e elas estão endividadas, sobretudo nos EUA, lembram?).
O mundo – e o Brasil, claro, que tá bem integrado ao mundo – sofreu os impactos do gatilho: o coronavírus.
O que são as quedas de bolsas e preços?
Nas vendas maciças de ativos financeiros quem vende por último perde, logo, ninguém quer a batata quente, por isso as quedas bruscas
Daí o que era ruim, piorou: Rússia e Árabia Saudita não fecharam acordo sobre diminuir a produção do petróleo, dada a demanda menor por causa do coronavírus, para manter o preço melhor e iniciaram uma guerra de preços dia 8/3.
O dólar subir significa a busca dos investidores pelo ativo mais seguro e, assim, sai dólar do Brasil, reduzindo sua oferta e aumentando seu preço, o câmbio.
Como resolver? Quando crises acontecem, resta apenas ao Estado contê-la, vejam: é o setor privado que está em pânico.
Os Estados devem coordenar ações de seus bancos centrais e de seus ministérios da fazenda.
Se não fizerem nada a crise se agrava rápido, pois o pânico não cessa por si só. Os impactos dele, contudo, são sociais e graves: desemprego e pobreza aumentam, vidas se perdem.