Coronavírus: pastores pressionam e prefeito promete ceder para reuniões em cultos

Atualizado em 20 de março de 2020 às 9:22
Encontro com pastores de igrejas, inclusive o pré-candidato a prefeito Jader Maretoli, ocorreu ao ar livre, na Praça Hermenegildo Gabbi

PUBLICADO NO BLOG DE CLAUDEMIR PEREIRA

POR CLAUDEMIR PEREIRA

O decreto publicado pela Prefeitura de Santa Maria, na quarta-feira (18), que estabelece uma série de restrições para impedir a proliferação do coronavírus no município, será alterado. Em encontro com pastores evangélicos, na tarde de quinta (19), o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) prometeu flexibilizar as regras para reuniões nos templos.

Conforme o artigo 21 do decreto (AQUI), estão “suspensas atividades de missas, cultos e reuniões de qualquer natureza que impliquem em aglomeração de pessoas, sem prejuízo das medidas necessárias à higienização dos espaços comuns”.

Os pastores reclamaram que, desde quarta, vem sendo denunciados pela sociedade por manterem seus templos abertos.

Conforme o pastor Jader Maretoli, presente na reunião, há uma preocupação com os doentes mentais e familiares de presidiários que estão sem atendimento nas igrejas.

“A igreja atende pessoas com extrema necessidade mental, emocional e que diante desse vírus estão sofrendo mais ainda e não sabem para onde recorrer, porque os hospitais estão cheios e as clínicas de psicologia estão fechadas. E a igreja, que trabalha com o emocional e o psicológico, está sem socorro nenhum e de mãos amarradas”, relatou Jader.

Os pastores solicitaram uma readequação no decreto, liberando, pelo menos, 50% do PPCI de cada templo. Eles também afirmaram que idosos, principal grupo de risco da Covid-19, são orientados a não comparecem às igrejas.

A reunião ocorreu ao ar livre, na Praça Hermenegildo Gabbi, no Bairro Rosário, e contou com a presença de dezenas de pessoas. O encontro durou cerca de uma hora e foi todo transmitido via Facebook por algumas igrejas.

Em determinado momento, o pastor Simão Trindade relatou que as lideranças evangélicas sentiam-se ofendidas e desvalorizadas com o decreto. Ele também questionou o prefeito se haveria risco de contaminação por eles estarem aglomerados na praça.

“Estamos aqui em um lugar aberto. Corremos risco em qualquer local. Aqui é o menor risco”, comentou o prefeito.

O tucano foi alvo de diversos questionamentos e não deixou pergunta sem resposta. Após muito ouvir, ao final do encontro, ele concordou em retirar do decreto o trecho que diz “reuniões de qualquer natureza”. O ato legalizará os atendimentos das igrejas durante o período de pandemia, desde que feitos sem aglomerações.

O vereador Alexandre Vargas (Republicanos), presente no encontro, comemorou o entendimento alcançado.

“Aquelas reuniões de tu pode orar por 20, 30, 40 pessoas, pelo que ele falou aqui, nós vamos poder continuar fazendo”, disse Vargas.

Também estavam presentes a vereadora Lorena Santos (PSDB); o secretário municipal de Desenvolvimento Social, João Chaves (PSDB); e o superintendente da Defesa Civil de Santa Maria, Adão Lemos.