Como ele levantou tantos empréstimos em setores nos quais não tinha experiência nenhuma?.
Os bancos que emprestaram para as empresas do grupo de Eike Batista começaram a renegociar as dívidas de curto prazo. Para Itaú e Bradesco, elas somam R$ 1,5 bi.
Por que estão fazendo isso? Ora, porque não existe outra saída.
Os bancos têm sérias dificuldades de conseguir garantias reais, como máquinas, equipamentos e imóveis, e o valor das ações colapsaram. Contas a receber? Pior ainda.
Empurraram com a barriga o problema um pouco mais para a frente, na esperança de que Eike venda suas empresas — de preferência a controladores e empresários competentes, para que as ações voltem a subir um pouco. Com um valor maior das ações, novas vendas poderiam ser realizadas, melhorando o caixa e a liquidez.
A dívida do grupo EBX no curto prazo está estimada em quase R$ 8 bi, e o total da dívida do grupo é hoje R$ 23 bi.
Como Eike conseguiu levantar tantos empréstimos em setores nos quais ele não tinha experiência nenhuma?
Eike só deveria, no máximo, ter recebido investimentos no setor de mineração. Em todos os outros, que se virasse sozinho porque os riscos eram altíssimos (e mesmo assim a MMXM, a companhia de mineração, não entregou o que prometeu).
Ele ingressou em várias outras áreas, como energia, petróleo, portos, estaleiros, carvão, sem nenhuma experiência. Pior, começou do nada, basicamente graças aos empréstimos.
O fato de o Brasil estar carente nesses setores não era motivo de se investir de forma cega num empresário sem experiência, sem comprovação de competência, excessivamente vaidoso e marqueteiro. E agora o país, que necessita de tantos projetos nesses segmentos, tem todos eles atrasados ou deficitários.
Por que, mesmo com esses empréstimos gigantescos, as empresas possuem tão poucos ativos reais? Os recursos foram para o ralo? Ralo de quem? Ora, à medida em o dinheiro foi entrando no caixa, ele deveria estar sendo investido em máquinas, equipamentos etc. Foi tudo em mão de obra?
Eike deveria estar sendo pesadamente investigado. Assim como os critérios que levaram o BNDES a liberar quantias tão volumosas para ele: foram R$ 4 bi. O BNDES pouco se manifestou a respeito.
Mesmo no caso dos bancos privados, houve critério técnico ou simplesmente seus controladores assinaram a liberação porque acham Eike um cara bacana? Também resta a dúvida se não houve no mercado de ações uso ilícito de informações privilegiadas, mas pouco se está fazendo sobre isso.
Os únicos ativos de valor que Eike tinha para mostrar a seus credores e o mercado eram suas ações no Bovespa há algum tempo. Ou seja, vento, bolha, especulação, expectativas exageradas, marketing barato.
Ele enganou todo o mundo direitinho. Estará rindo agora?