Bolsonaro anunciou no sábado, num vídeo gravado pelos três patetas, que o Exército irá intensificar a produção de cloroquina.
Enfiou o “Alberto Einstein” na cascata. Estudo sobre esse medicamento no combate ao coronavírus é preliminar e não há comprovação da eficácia.
O título do post é enganador: “Hospital Albert Einstein e a possível cura dos pacientes com Covid-19”.
Nem uma palavra sobre confinamento, a necessidade de cuidar dos mais velhos, a necessidade de medidas duras.
Ao invés disso, conversa de vendedor de terreno na lua: “Tenhamos fé que brevemente estaremos livres deste vírus”.
A hidroxicloroquina possui uma série de efeitos colaterais graves. Atualmente, não existem vacinas específicas para o corona.
Bolsonaro está, como de hábito, macaqueando Donald Trump, que vem advogando a favor da droga e sofrendo críticas das autoridades sanitárias dos EUA.
O efeito da estupidez cruzou o oceano: a Nigéria relatou dois casos de envenenamento por cloroquina após o endosso de Trump.
A demanda pela droga aumentou vertiginosamente em Lagos, cidade que abriga 20 milhões de pessoas.
Perdido, tenso, sem vergonha na cara, cuspindo em mortos e doentes, Bolsonaro é uma espécie de vendedor de elixir mágico de faroeste.
Protagonizou, em sua vilegiatura como deputado federal, um dos episódios mais grotescos da medicina nacional ao se aliar ao movimento de aprovação da fosfoetanolamina sintética, a chamada “pílula do câncer”.
Comprovadamente, ela nunca teve resultado efetivo.
Sua liberação, no entanto, foi objeto de um dos dois projetos de lei de autoria de Bolsonaro aprovados em 27 anos de Câmara. O STF, acertadamente, derrubou a iniciativa.
O Brasil de Fato contou a gênese dessa tragédia:
Depois de proibida no Brasil, a fosfoetanolamina seguia sendo vendida como um suplemento alimentar pela empresa Quality Medical Line, sediada nos Estados Unidos, e que tinha como um dos principais acionistas o empresário Humberto Silva De Lucca, que esteve preso por duas ocasiões, depois de condenado pelos crimes de porte ilegal de arma, receptação e uso de documento, praticados em 2002, em Balneário Camboriú (SC).
“Muita gente certamente pode ter morrido porque acreditou nessa mentira da fosfoetanolamina e abandonou os tratamentos convencionais. Esse é um caso que eu considero como uma das maiores vergonhas da ciência brasileira. Virou um caso de polícia. As pessoas que tem familiares com câncer acreditam porque estão desesperadas”, disse o professor da Unicamp.
Luiz Carlos Dias, professor titular do Instituto de Química da Unicamp, acompanhou de perto toda a história do uso fraudulento da substância como tratamento para o câncer.
Segundo ele, o mais grave da situação é que os pesquisadores que, ao lado de Bolsonaro, apoiavam o tratamento, recomendavam a suspensão de outros métodos, estes sim eficientes, como a quimioterapia e a radioterapia.
“A pressão popular e principalmente dessa avidez por votos dos nossos políticos levou esses estudos a serem feitos diretamente em seres humanos, não respeitando todas as etapas de testes. Questões éticas muito sérias foram burladas aí. Porque os políticos estavam interessados, obviamente, em votos”, disse o professor.
A figura grotesca que vemos hoje no Planalto é uma versão piorada do mesmo palhaço fascista, apenas com o placebo da Presidência.
– Hospital Albert Einstein e a possível cura dos pacientes com o Covid-19. pic.twitter.com/Aia4RzTVlp
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 21, 2020