O novo modelo de coletiva implantado pelo governo para tratar da crise do coronavírus, sob a coordenação do ministro Braga Neto, da Casa Civil, e não do ministério da Saúde, deixou clara a intenção de Bolsonaro de isolar Luiz Henrique Mandetta.
O ministro voltou a defender a tese do isolamento social nesta segunda, 30, contrariando desejo de Bolsonaro, que é pela retomada gradual das atividades profissionais, no que ele classifica de isolamento vertical.
Mandetta pediu que sejam mantidas as recomendações feitas pelos estados para conter o avanço da pandemia, que já matou 159 pessoas e contaminou 4.579 no país e comparou a situação a uma guerra, como as duas mundiais.
Os gestores locais têm imposto medidas para restringir a circulação de pessoas e de algumas atividades econômicas, na contramão do que quer Bolsonaro.
Mas, em que pese ter reconhecido a gravidade da situação, o ministro escamoteou sinalizando que pode ficar no governo ainda que tenha de ceder aos interesses de Bolsonaro.
No início da coletiva uma pergunta foi dirigida a Mandetta.
“O senhor se sente ameaçado de demissão?”.
Braga Netto, então, se antecipou:
“isso não existe. No momento.”
Mandetta então tomou a palavra:
“Em política, quando a gente diz que não existe é porque existe”.
Precisa dizer mais?