A entrevista de Átila Iamarino nesta segunda-feira no Roda Viva mostrou por que ele se tornou um fenômeno na internet, com vídeos assistidos por mais de 5 milhões de pessoas.
Átila, que é biólogo formado pela Universidade de São Paulo (USP) e tem pós-doutorado pela Universidade de Yale, já fazia barulho no YouTube com o canal Nerdologia, para divulgar informações científicas.
Mas ele bombou mesmo com a crise no coronavírus, ao dizer coisas que as autoridades escondiam e a emitir conclusões desconcertantes, como a de que a vida nunca será mais a mesma.
Foi Átila quem disse que o Brasil poderia ter 1 milhão de mortos se nada fizesse para combater a pandemia.
Ele não tirou a informação da sua cabeça, mas de um estudo da Imperial College de Londres, o mesmo estudo que levou os Estados Unidos e a Inglaterra adotarem medidas severas de prevenção da doença, como o isolamento social.
Vale a pena reproduzir algumas de suas frases, ditas no programa da TV Cultura, que teve audiência elevada considerando os números fracos que o Roda Viva costuma ter.
Foram 2 pontos de audiência, conforme celebrou a apresentadora Vera Magalhães. Na Globo, no mesmo horário, a média de audiência da Globo é dez vezes maior.
Mas, para os padrões atuais da Cultura, foi uma audiência gigante. Foi maior do que a da entrevista com Sergio Moro, em janeiro.
A seguir, algumas frases de Átila Iamarino ditas no Roda Viva e que circulam em texto viral na internet:
“Nada será como antes, amanhã”
Esta frase de uma música de Milton Nascimento define muito bem o teor da entrevista com o biólogo Átila Iamarino, no Roda Viva. Ele deixou isso muito claro, e não é pra lamentar; um dos ganhos, sem dúvida, é o resgate do respeito à Ciência, que vinha sendo cruelmente desqualificada no país.
O programa ganhou dez minutos devido à relevância do tema e à audiência: 28 mil pessoas só no Facebook. Fiz anotações rápidas na última meia hora de programa, que listo abaixo, mas o programa já está disponível online, não deixe de assistir.
– ainda vamos demorar muito para circular pelas ruas e nunca mais o faremos como antes, e, enquanto não existirem testes e vacina contra coronavírus, certamente usaremos máscaras.
– isso só não é feito, hoje, porque não há máscaras suficientes disponíveis (e a prioridade é para profissionais de saúde), e não porque não deveríamos usa-las.
– “está provado que as cidades que sempre se utilizaram de máscaras se recuperaram mais rapidamente”.
– “isolamento vertical não deve ser considerado em debate porque não tem base científica, quando tiver, precisa ser testado e aí sim podemos falar a respeito”
– “não é para aquele mundo de antes que a gente vai voltar, nunca mais certamente voltaremos a ele: vai ser diferente, mas talvez mais unido”.
“Vai ser um trauma coletivo muito grande”.
“Espero que as pessoas recobrem a confiança na Ciência”.
“Não foi falta de alerta da Ciência que nos trouxe até aqui, com o coronavírus, a China sabia o risco que corria com o consumo de carne de animais silvestres, e só agora proibiu”.
“Vivemos num mundo mais conectado, mais empilhado, com mais pessoas vulneráveis, mais pessoas empilhadas em prisões, quase toda doença saltou de animais para as pessoas, condições da vida moderna propiciam a transmissão de vírus, e há, sim, potencial para outros piores, como a gripe aviária”.
“Diminuir a população das prisões também é uma solução para se evitar epidemias, os EUA soltaram pessoas que cometeram crimes menores; não sei dizer se isso é viável aqui no Brasil, mas deve ser encarado”.
“Quem pegou não pega de novo, mas não se sabe se isso vale em longo prazo; não há como dizer que vai ficar todo mundo imune e que o vírus não estará circulando mais”.
“Daqui até o final do ano, temos que evitar aglomerações e haverá muito poucas pessoas viajando; nenhum país vai querer ter um novo foco do vírus”.
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