Um helicóptero interceptou o carro em que viajava Miguel Ángel Treviño.
O texto abaixo foi publicado originalmente no site Dutsche Welle.
“Descabezan a Zetas!” (“Os Zetas foram decapitados”), festejou o jornal Excélsior, após a prisão de Miguel Ángel Treviño, conhecido como Z-40, líder do cartel mexicano Los Zetas.
Mas, como sempre ocorre quando um chefe do narcotráfico é preso, já existe um sucessor esperando para assumir.
Omar Ángel Treviño, conhecido como Z-42, é o designado para suceder seu irmão, como informa o jornal, baseado em informações da polícia.
A era de Miguel Ángel Treviño no comando de um dos mais perigosos e poderosos cartéis de drogas do mundo terminou nesta segunda-feira (15/07) numa pequena estrada de terra no norte do México.
Um helicóptero da Marinha mexicana perseguiu o carro em que Treviño viajava e o obrigou a parar. Sem dispararem um único tiro, os policiais prenderam não só o chefe de Los Zetas, como também um de seus gerentes financeiros e um de seus guarda-costas.
Foi uma ação atípica, já que geralmente os chefes mexicanos do tráfico de drogas são capturados em meio a tiroteios sangrentos e muitas vítimas.
A prisão de Miguel Ángel Treviño é sobretudo um grande sucesso para as autoridades mexicanas, com relevância internacional. De acordo com a agência policial europeia Europol, os principais cartéis mexicanos, Los Zetas e Sinaloa, se tornaram coordenadores globais do contrabando de cocaína para a Europa e para a América do Norte.
Também na Europa, esses grupos parecem ganhar cada vez mais influência.
A captura faz parte de uma série de grandes sucessos na luta contra o narcotráfico na Colômbia e no México. Aparentemente, os investigadores detêm informações detalhadas sobre os locais frequentados pelos barões da droga.
Mais de uma dúzia de líderes de cartéis foram levados à prisão nos últimos meses. Há poucos dias, a polícia colombiana conseguiu prender em Bogotá o traficante Roberto Pannunzi.
O italiano é acusado de organizar sobretudo o contrabando através do Atlântico. Os cartéis colombianos e mexicanos estão intimamente conectados. A Colômbia é considerada o mais importante produtor de cocaína, e o México é o principal país de trânsito para o principal mercado, os EUA.
Conforme a imprensa mexicana, Miguel Ángel Treviño cresceu em Dallas, no Texas, onde também iniciou sua carreira criminosa, em um subúrbio residencial de população latino-americana.
Seus laços familiares nos Estados Unidos, um dos principais mercados do narcotráfico mexicano, também o ajudaram a fazer carreira rápida dentro do cartel.
O cartel Los Zetas foi formado por uma dissidência do Cartel do Golfo e se tornou rapidamente uma das organizações criminosas mais influentes no México. Muitos membros são ex-militares.
O grupo é conhecido por sua brutalidade e crueldade na hora de fazer valer seus interesses.
O próprio Treviño cultivava sua reputação de assassino sádico. A imagem como torturador de sangue frio lhe rendeu respeito em suas próprias fileiras e o medo de seus oponentes.
São atribuídas a ele inúmeras técnicas sádicas de tortura, como prender suas vítimas dentro de um barril para queimá-las vivas.
Os milhares de imigrantes ilegais das Américas Central e do Sul que tentam fugir através do México para os Estados Unidos são as principais vítimas do narcotráfico mexicano.
Mulheres são forçadas à prostituição e homens são obrigados a trabalhar no transporte da droga sob ameaça de morte, caso se recusem a atuar para a máfia.
Eles não têm escolha, já que não podem recorrer à polícia por estarem ilegalmente no México.
Três anos atrás, Treviño teria ordenado o assassinato de 72 imigrantes da América Central em San Fernando. O massacre teve repercussão internacional, especialmente em Honduras e El Salvador, de onde vinha grande parte das vítimas.
A detenção de Treviño é a primeira de grande vulto realizada no governo do presidente Enrique Peña Nieto, que tomou posse em dezembro de 2012.
A prisão de Z-40 ocorreu apenas oito meses após o seu antecessor, Heriberto Lazcano, ter sido morto por tropas mexicanas numa troca de tiros no estado de Coahuila.
O governo dos EUA chegou a oferecer 5 milhões de dólares pela captura de Treviño Morales, enquanto o governo mexicano ofereceu cerca de 2,3 milhões.
Apesar do avanço na captura dos líderes, analistas acreditam que a violência não será reduzida, já que o cartel deixa pra trás várias células sem liderança dispersas pelo norte do país.