Lula elogiou a ação de governadores no combate ao coronavírus em uma coletiva e deu destaque para João Doria Jr. em São Paulo, criticando Bolsonaro.
Em um post no Twitter, Doria resolveu se manifestar e disse que “sempre divergiu” do ex-presidente, mas que precisava enfatizar que ele estava certo.
No site BR Político, do Estado de S.Paulo, a jornalista Vera Magalhães classificou a atitude do governador como seu “maior erro político”.
“Lula é carta fora do baralho na política. Tem feito lives diárias na tentativa de se estabelecer como contraponto a Bolsonaro, sem sucesso (…). Ao trazer Lula para o debate, Doria sacrifica parte do capital político que vinha acumulando e desvia o foco da gestão técnica que vem tentando imprimir ao combate à covid-19”, afirma Vera no texto publicado em nesta quinta (2).
O jornalista Glenn Greenwald fez críticas ao texto de Vera Magalhães.
“Quem não consegue superar sua mesquinha obsessão por Lula – como se fosse 2015 – não tem credibilidade pra criticar a mesquinhez de Bolsonaro”. E Vera respondeu: “Glenn, meu caro, cuide de sua credibilidade que eu cuido da minha. Obsessão por Lula quem tem é você”.
Greenwald então afirmou o seguinte: “Você condenou Doria de modo mesquinho por encontrar um terreno comum com Lula – o que qualquer pessoa responsável está fazendo. Apenas pequenos partidários cheios de ódio denunciam isso agora”.
Os internautas levaram a hashtag #LulanoRodaViva aos Trending Topics do Twitter, tornando-se um dos assuntos mais comentados da rede social e dos sites de notícias.
Vera Magalhães comentou a repercussão do assunto no próprio Twitter: “Ele foi convidado no ano passado, antes da minha gestão. Quis aprovar a bancada. Diante do não, se recolheu. Não vai usar o programa para retomar uma polarização nefasta ao país e que é tudo que o bolsonarismo quer”.
Complementou: “Lula não é player da crise de covid-19. É um condenado em prisão domiciliar. Por isso e por ter mais de 60 tem de ficar em isolamento. Emular esse espantalho político é tudo que Bolsonaro quer para cortina de fumaça dos seus erros”.
O advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, se manifestou sobre a declaração da jornalista do Estadão e do programa Roda Viva na própria rede social: “Lula não está em prisão domiciliar.Ele teve a liberdade plena restabelecida após 580 dias de prisão contrária à CF/88. Recusou a progressão porque foi condenado em um processo reconhecido como nulo por renomados juristas do mundo. Lula está em isolamento social, como o momento exige”.
O Diário do Centro do Mundo procurou a assessoria de imprensa da Fundação Padre Anchieta nesta sexta (3), mantenedora da TV Cultura e de seu programa de entrevistas Roda Viva.
Enviamos quatro perguntas. São essas:
1 – A âncora Vera Magalhães afirmou que “se afoitos e ingênuos querem ser o sapo da travessia do escorpião, o Roda Viva não será essa jangada” referindo-se ao ex-presidente Lula. Ele já foi entrevistado e convidado pelo programa anteriormente. A âncora pode vetar publicamente um entrevistado de relevância no programa com esses argumentos?
2 – Vera Magalhães tem autonomia para definir os rumos do Roda Viva ou seu posicionamento tem que estar alinhado com a direção da TV Cultura?
3 – Vera afirmou que Lula é “condenado em prisão domiciliar”. O advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, explicou que seu cliente “não está em prisão domiciliar. Ele teve a liberdade plena restabelecida após 580 dias de prisão contrária à CF/88. Recusou a progressão pq foi condenado em um processo reconhecido como nulo por renomados juristas do mundo”. Esse erro serve para vetar alguém no programa?
4 – De acordo com Vera Magalhães, Lula não será chamado para o Roda Viva porque ele vai “retomar uma polarização nefasta ao país”. O Roda Viva convidou Bolsonaro, Sergio Moro e outras figuras que têm envolvimento com o atual governo. Eles não são parte dessa polarização? Ou é só o ex-presidente Lula?
A coordenadoria de comunicação da TV Cultura enviou um email para o DCM afirmando o seguinte:
“A TV Cultura não vai se pronunciar sobre polêmicas em perfis pessoais de redes sociais, que não refletem as posições da emissora”.