A inaceitável falta de ação da mídia, da justiça e dos políticos em relação à fraude da Globo.
Como você combate sonegação de imposto?
Observe a Itália, por exemplo.
Dois estilistas muito bem sucedidos, Domenico Dolce e Stefano Gabbana, os criadores da Dolce & Gabbana, foram pilhados numa fraude fiscal.
Eles usaram um paraíso fiscal, Luxemburgo, para evitar pagar impostos na Itália.
Desmascarados, o caso foi tornado público, e os dois foram julgados. A promotoria pediu três anos de prisão, fora multa do equivalente a 1 bilhão de reais.
A juíza Antonella Brambilla os julgou culpados, mas reduziu a sentença a 20 meses.
Os dois estilistas reconhecem a sonegação. Mas alegam que ignoravam o uso de um paraíso fiscal. Teria sido decisão dos executivos da empresa, segundo eles.
Não colou.
Eles terão ainda chances de fazer dois apelos. Mas ninguém acredita que escaparão de uma prisão exemplar.
Outro caso notável de sonegação está em julgamento na Itália: o ex-premiê Silvio Berlusconi é acusado também de uso de paraíso fiscal para fugir dos impostos relativos a seu império de mídia, a Mediaset.
Berlusconi já foi condenado a quatro anos de prisão, e está na fase de apelos.
Sonegação de impostos faz com que os cofres públicos fiquem vazios para construir hospitais, escolas, estradas, portos etc.
Ou mesmo para manter calçadas como a que derrubou e machucou uma atriz da Globo.
No mundo inteiro, a sonegação de impostos hoje é vista como o inimigo número 1 a combater por governos.
Nos últimos anos, a sonegação adquiriu o nome pomposo de “planejamento fiscal”, mas é a mesma coisa.
Agora vejamos o Brasil da Globo.
Já faz mais de um mês que um documento publicado pelo blog Cafezinho explicitou uma sonegação particularmente selvagem da Globo.
Mais uma vez, o expediente foi o mesmo: a utilização de um paraíso fiscal, as Ilhas Virgens, britânicas.
Mas houve um agravante: uma trapaça. Uma operação de compra de direitos de transmissão foi contabilmente transformada pela Globo em investimento no exterior.
Em dinheiro de 2006, a Globo devia à Receita 615 milhões de reais. Isso é mais ou menos 1 bilhão, hoje.
Numa nota, a Globo afirmou ter pago, mas fontes da Receita contestaram isso. Desafiada a mostrar o recibo, a Globo se recolheu ao silêncio.
Na Itália, a mídia cobriu exemplarmente os dois casos citados. Os estilistas chegaram a se queixar de um massacre dos jornalistas.
E a justiça agiu sob a luz do sol.
E no Brasil?
Nada. A mídia, numa atitude contra o interesse público e escandalosamente a favor da Globo, não faz nada.
Onde a combativa Folha, por exemplo, com seu marketing de não ter rabo preso?
E a Justiça? E o Procurador-Geral?
E o Ministro da Justiça?
E a presidenta da República?
De toda essa omissão, a vítima é a sociedade brasileira.