Wilson Rodrigues Nascimento, 20, seminarista da Diocese de São Mateus (ES), fez uma denúncia contra o reitor do seminário da instituição, padre Elder Malovini Miossi.
No dia 16 de abril, vinte seminaristas receberam um comunicado no qual eram “convocados” a comparecer à instituição, localizada no bairro Manoel Plaza, na Serra.
O reitor exigia que os alunos quebrassem o isolamento, ignorando as recomendações das autoridades sanitárias.
“A ordem era continuar a formação mesmo em meio à pandemia”, afirma Wilson.
Ele relata que o reitor “comparava a situação do coronavírus no Espírito Santo com a do Tocantins, numa tentativa de minimizar a gravidade do problema”.
Enquanto o Espírito Santo registra 1 703 casos confirmados e 51 mortes, Tocantins tem apenas 67 casos e dois óbitos.
Na denúncia encaminhada à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES) e no Boletim de Ocorrência na Polícia Civil (BO), Wilson menciona perseguições e práticas autoritárias do padre.
O seminarista informa que a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso.
Ainda de acordo com Wilson, o reitor passou por cima do bispo diocesano de São Mateus, Dom Paulo Bosi Dal’Bó. “O responsável pela formação é o bispo e ele não foi consultado”, afirma.
No mês de março, Elder Malovini Miossi havia comunicado informalmente, segundo o relato de Wilson, que a presença não era obrigatória, seguindo os protocolos adotados pelas Dioceses de Colatina e Cachoeiro de Itapemirim e pela Arquidiocese de Vitória, que orientaram a seus seminaristas que fossem para casa.
Em 16 de abril, porém, mudou de ideia e solicitou que todos estivessem no seminário para prosseguir com as aulas presenciais.
Wilson conta que chegou a voltar ao local, mas lhe pediram para assinar um documento se responsabilizando pelo que acontecesse com ele.
“Me recusei a assinar porque eles haviam me convocado para estar lá. O reitor decidiu me expulsar”, diz.
A Diocese de São Mateus informou, por nota, que “já está tomando as medidas cabíveis para apurar os fatos de forma justa e transparente”.
A assessoria da igreja relata que Miossi se recusou a comentar o caso.