VÍDEO: Bolsonarista que difamou profissionais de saúde agora diz ser vítima de fake news

Atualizado em 6 de maio de 2020 às 13:36
Profissionais de saúde foram difamadas pelo bolsonarista, que agora se faz de vítima

Gustavo Gayer é um bolsonarista que saiu de sua cidade, Goiânia, e foi até Brasília para o protesto contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.

Errou a data. Ele foi na sexta-feira, 1o. de Maio, mas o protesto estava marcado para domingo. Como estava sem fazer nada, foi à Praça dos Três Poderes e viu um protesto, que identificou como se fosse político.

Eram pessoas (a maioria, mulheres) que seguravam uma cruz, usavam máscara e mantinham distância recomendada para não haver risco de transmissão do vírus. Estavam em silêncio.

Era um ato para chamar a atenção da sociedade e do governo para os riscos que os profissionais de saúde correm nesta pandemia.

Gustavo, no entanto, não teve dúvida. Fez uma live e cravou que o ato era falso. Chamou de fake news mesmo.

Para comprovar sua tese, citou no vídeo em que uma senhora, que ele diz ser moradora de rua, conta que teria recebido um jaleco branco para engrossar a manifestação.

Quem apresentou a senhora e mostrou o jaleco foi o Renan Sena, aquele cidadão violento que atacou as enfermeiras.

Gustavo não teve dúvida: sapecou um vídeo em que, sem base alguma, diz que aquela manifestação tinha no máximo um ou dois médicos. Os demais seriam militantes políticos.

De onde ele tirou esse número? Da cabeça dele.

Agora ele se faz de vítima.

Diz que sua reputação está sendo destruída por conta das reportagens de TV que o mostram como um dos agressores das enfermeiras, ao lado do tal Renan Sena e da empresária Marluce Carvalho de Oliveira Gomes, a Dona Morte.

Ele diz que não agrediu as manifestantes, como Renan e a Dona Morte. Até ataca os seus parceiros ideológicos. “Aquele cara (Renan) é um boçal, aquele cara não merece o meu respeito.”

De fato, não há imagem que mostre Renan agredindo diretamente as enfermeiras.

Mas nem por isso se pode dizer que Gustavo seja inocente.

Ele também tentou destruir a reputação das pessoas que se manifestavam. Uma manifestação, aliás, legítima: o Brasil tem mais profissionais de saúde mortos pelo coronavírus do que a Itália e a Espanha juntos, segundo reportagem do El País.

Já são pelo menos 73 mortos.

O vídeo que Gustavo gravou mentindo que o ato não tinha relação com os verdadeiros profissionais de saúde é a prova da sua irresponsabilidade — que a Polícia investigará para saber se pode ser tipificada como crime. Em tese, seria difamação.

É assim que a mídia bolsonarista age.

Na dúvida, ataca qualquer manifestação para diminuí-la ou tentar classificá-la como fruto de manipulação. Qual a diferença entre ele e aquela empresária mineira que inventou que caixões estão sendo enterrados sem corpos.

As mulheres que ficaram debaixo de sol para chamar a atenção para os riscos que todos os profissionais de saúde correm neste momento foram sim agredidas por Gustavo.

Não fisicamente, nem com ofensas pessoais.

Mas foram apresentadas como farsantes.

.x.x.x.

O vídeo em que Gustavo tenta se explicar: