Se o presidente do STF tivesse apreço pelas instituições, a começar por aquela em que atua, teria mandado Bolsonaro e sua entourage dar meia volta-volver.
Ao invés disso, recebeu o presidente, o ministro da Economia Paulo Guedes, outros membros do governo e empresários de braços abertos, submetendo-se a um espetáculo grotesco.
Eles foram pedir a abertura da economia e a “volta à normalidade”, fazendo pressão, como se estivessem entrando na casinha do cachorro sem pedir licença.
Há inúmeros instrumentos jurídicos para que essa relação seja saudável e republicana. Bolsonaro não precisou de soldado e cabo para entrar na corte.
Faltou mijar no vaso que fica no lobby. Ainda filmou tudo sem pedir autorização.
A palhaçada foi transmitida nas redes sociais do sujeito. Carluxo ria por trás.
Ao dialogar com o bando desta maneira, Toffoli abre um precedente perigoso: vai ser sempre assim?
Bolsonaro vai acordar amanhã sem nada para fazer e resolver dar uma colada no Supremo?
Toffoli respondeu que o Executivo deveria criar um gabinete de crise e se reunir com Estados e Municípios para agir de forma coordenada.
Ok.
Mas teve a coragem de falar que “o país conduziu muito bem essa situação [do coronavírus], apesar do que sai na imprensa”.
Guedes foi protestar contra a decisão do Congresso de livrar várias categorias de servidores do congelamento dos salários, coisa que deveria tratar com o chefe e seus deputados.
“Alguns dizem que ‘a economia deixa pra lá, o importante é a vida’. Não é assim não”, afirmou Bolsonaro.
Não, não é assim. O fundamental é manter o CNPJ vivo.
Essa aberração precisa terminar. Mas, enquanto tivermos homens como Toffoli, a desgraça vai longe.